sábado, 29 de abril de 2023

Somos Et´s João Rodrigues

SOMOS Et’s?

 

JOÃO RODRIGUES

 

            - Sabe compadre Joaquim, a gente vive há muito tempo neste lugar, e as coisas sempre do mesmo jeito.

            - Não estou entendendo o senhor compadre Manoel, como estão do mesmo jeito, a comadre Maria te deu três filhos, já cresceram e até já tem filho doutor na cidade grande e o senhor diz que está tudo do mesmo jeito!

            - Não é disso que falo compadre Joaquim, é do tempo, o tempo do mesmo jeito!

            - Pois é compadre, sobre o tempo o senhor tem razão. Mas não chove mais como antes, nisto está mesmo diferente.

            De modo que os dois compadres falavam de suas vidas seguindo estrada afora rumo às roças que cultivavam há muito tempo nas brenhas do sertão baiano.

            Iam juntos na estrada até um ponto em que se separavam, pois cada um ia pra sua roça e só se encontravam a tardinha quando voltavam para suas famílias.

            Pois nota o que Manoel falou:

            - É compadre Joaquim, a comadre Tereza, sua esposa não tem vindo a roça, só sua filha Janete é vêm, o que tá sucedendo com ela?

            - Tem andando adoentada depois que Jacinto se casou, ficou meio abalada com a falta que ele faz.

            - Eu estimo a melhora dela compadre, que Deus ajude ela a compreender que a vida não depende só da gente.

            - Tá certo compadre, vejo o senhor quando a gente voltar pra casa.

            O Certo é que Joaquim foi para sua roça e Manoel para a dele...

            Logo o dia passou e quando Joaquim chegou na encruzilhada aonde Manoel sempre já o esperava não encontrou o compadre, foi até sua roça e lá encontrou a sua matula e suas ferramentas do mesmo jeito que ele tinha lavado de manhã quando ali chegou...

            - Compadre Manoel, onde está o senhor?

            O grito de Joaquim ficou sem resposta, ficou no vazio do silêncio, do silencio que pairou nos últimos raios de sol que se despediam do sertão...

            O certo é que quando Joaquim chegou a casa do compadre Manoel falou com a comadre Maria o que tinha acontecido...

            - Mas pra onde será que ele se foi compadre Joaquim?

            - Não vi vestígio de nada comadre, tudo do jeito que ele levou, ficou lá, não mexeu em nada.

            O que devemos fazer compadre?

            - Vamos esperar até amanhã, se ele não aparecer à gente tem que pedir ajuda ao doutor Horozino, ele como é um delegado deve saber o que fazer.

            O certo é que quando Joaquim chegou a sua casa, sua esposa falou:

            - Onde esteve até agora homem?

            - Na casa do compadre Manoel, ele desapareceu na roça, estava lá as suas coisa e nada dele, nem mesmo mexeu na matula, nem usou as ferramentas, não sei o que se deu.

            - Vão suspeitar do senhor pelo sumiço dele pai.

            - O que é isso Janete, respeita o seu pai.

            - Estou falando o que é certo mãe, e colocamos as mãos para os céus se o doutor Horozino não prender o nosso Joaquim.

            - Nossa filha tem razão mulher, eu sou o suspeito numero um, pois sou a ultima pessoa que falou com ele.

            O certo é que no dia seguinte Joaquim foi até a casa do compadre Manoel e lá estava a comadre Maria...

- Bom dia comadre, o compadre apareceu?

- Nem jeito dele compadre, nem preguei os olhos a noite inteira.

- Vou ter que ir a cidade informar ao delegado, doutor Horozino do fato acontecido.

- Vai mesmo compadre, só assim eles podem até achar ele ou os restos dele se onça não devorou o coitado.

- Então fica com Deus comadre, vou ver se arranjo uma solução.

- Vai com Deus compadre – relatou Maria olhando ao longe na estrada esperando ver o pobre Manoel que teve de sumir e deixar a coitada ali sozinha, pois vendo Joaquim que já sumia na curva do ciminho murmurou:

- Vê se trás ele de volta compadre Joaquim...

Já lá na delegacia...

- Então o que o senhor afirma é que o seu compadre sumiu assim do nada?

- Sim doutor Horozino, só encontrei as coisas dele, nem mesmo buliu na matula que levou de manhã como de costume, estava lá do mesmo jeito.

- Eu vou ter que deter um senhor aqui enquanto vou com os meus policiais dar uma averiguada por lá.

- Bem que a minha filha Janete me disse que o senhor ai me prender.

- Eu ouvi o senhor dizer pro doutor que é pai de Janete?

- Sim, seu policial, sou o pai dela.

- Já que o meu policial conhece a sua filha não vou te prender seu Joaquim, mas o senhor terá de ir com a gente.

            - Com muito prazer doutor, pois só assim terei a oportunidade de saber o que aconteceu ao meu compadre Manoel.

            O certo é que lá na casa do seu Manoel e delegado fez um interrogatório a dona Maria e que logo relatou:         

            - A única coisa que sei foi o que o compadre Joaquim me disse.

            - Então vamos lá no local para averiguações.

            - Pode ficar a vontade doutor Horozino, eu confio no senhor, sei que vai fazer de tudo para descobrir o que sucedeu ao meu marido.

            O doutor Horozino ficou olhando por algum tempo para a pobre mulher, colocou um grande chapéu em sua cabeça e disse:

            - Pode deixar comigo senhora, vou ver o que sucedeu a ele.

            Maria ficou mais uma vez olhando para estrada aonde eles seguiam e murmurou novamente:

            - Até a policia já veio aqui Manoel, aonde você se meteu homem!

            De maneira que lá na roça Joaquim informava o local para a policia que começaram as buscas noite adentro sem ter nenhuma solução.

            O certo é que foi passando o tempo e nada aconteceu, Manoel não foi encontrado e foi finalmente dado como desaparecido. De vez em quando o seu Joaquim ia à casa da comadre Maria ver se o velho amigo tinha dado notícias...

            - Ele não foi ver algum dos filhos na capital comadre?

            - Não sabe nem mesmo pegar um transporte compadre, deve ter mesmo ido mata adentro e uma onça comeu o coitado.

            - Não comadre, eu sinto que ele está vivo. Está vivo.

- Deus permita que sim compadre, é tão triste ficar sem ele.

- Vou mandar Janete ficar uns dias com a senhora comadre.

- Eu agradeço compadre, mas fico pensando que tenho que me acostumar, assim é a vida, a gente não sabe de nada mesmo. Num momento está tudo bem, depois tudo desanda.

Joaquim foi embora levando consigo o coração partido de ver a comadre naquela situação. Até murmurou:

- Vou mandar Janete ficar uns dias com ela...

- Seu pai vem vindo com aquele ar de tristeza, deve ter ido na casa da comadre Maria. Depois que o compadre sumiu o homem ficou dividido. Até parece que ele vai trazer a comadre pra viver com a gente.

- Ué mãe, ela tem filhos.

- Mas vivem lá pra capital, não podem fazer nada por ela. São desse tipo de gente escrava que diz ter um trabalho mas vive como escravo de alguns idiotas ricos que fazem eles de otários.

- Nossa mãe, a senhora não esta sendo dura...

- Não filha, lá na cidade grande é assim, lugar de aproveitadores, mercenários, imbecis, demônios.

Enquanto Tereza e a filha filosofavam Joaquim chegou dizendo:

- Filha, que vá ficar uns dias com a comadre Maria, ela está um tanto abandonada.

- Janete olhou para um canto e disse em seguida:

- Farei o que o senhor desejar papai. Imagina se fosse o senhor que tivesse sumido o que seria da gente.

- Pois é filha, a vida é assim.

Já dia seguinte Joaquim mandou a filha pra casa da comadre Maria e foi para a roça... 

            Quando foi lá pela tarde no horário de sempre quando chegou à encruzilhada se emocionou quando viu o seu compadre Manoel...

            - Compadre Manoel, é o senhor mesmo homem, com a mesma roupa, já passam de noventa dias que o senhor sumiu, foi dado como desaparecido, onde esteve esse tempo todo?

            Manoel com muita tranqüilidade relatou:

            - Estive estes dias na casa dos humanos, compadre...

            - Meu Deus do céu, humanos somos nós compadre Manoel, bateu a cabeça em alguma coisa?

            - Não compadre Joaquim, nós somos ET’s, somos extra terrestres, os humanos mesmo vivem de disco voador, são coberto de alta tecnologia, residem em lindos lugares bem depois das estrelas.

            Joaquim ficou muito feliz de ver o compadre de volta, não só por ele mas por ter assistido aqueles dias a solidão da comadre Maria. De modo que falou:

            - Já que os humanos são eles que andam de disco voador e nós somos ET’s, porque eles deixam a gente usar a denominação de humanos que são eles!

            - Ué compadre, é porque nós somos um criatório dos humanos, o senhor não já deitou algumas vezes para dormir e acordou mais cansado do que no dia anterior!

            - Já compadre, o que tem a ver uma coisa com a outra?

            - É que na noite enquanto a gente dorme os humanos pousam as suas naves espaciais e sugam toda a energia que a gente produz, esse é o alimentos do humanos, energia de nós os ET’s.

            De modo que Joaquim ia com a mão no ombro do amigo enquanto ele contava a sua história...

                                                                                              FIM

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