sábado, 29 de abril de 2023

Quatro Letras João Rodrigues

 QUATRO LETRAS

 

JOÃO RODRIGUES

 

            A brisa escondia a casa no pé da serra com sua pesada serração que aos poucos ia se desfazendo com a chegada dos raios solares. Ainda se via expressão de alguma lembrança nos olhos de Angélica.

            - Levante filha, é hora de ir trabalhar.

            - Sei mãe, mas porque a gente tem que trabalhar?  

            - Seu pai nos deixou muito pobre filha - argumentou Honória meio triste recordando o tempo que Augusto era vivo.

            - O que está pensando mãe? 

            - Não é nada filha, é besteira minha...

            Angélica ainda com seus dezesseis anos ostentava um corpo singelo e sedutor, seus lábios finos enfeitavam o lindo sorriso que se escondia atrás da pobreza deixada por Augusto.

            - Por que o pai não conseguiu nada na vida, mãe?  

            - As coisas da vida filha, são muitas vezes inexplicáveis, ele, por exemplo, trabalhava como mostro, mas tudo que fazia dava para trás.

            - Mas pelo menos nos deixou esta propriedade - argumentou Angélica olhando pros fundos da casa dizendo:

            - Muito pequeno, mas é nosso...

            - Só isso minha filha, assim mesmo por minha causa, se não ele teria vendido.

            - Não me lembro muito do pai mãe. Como era?

            - Alto, cabelos crespos com os olhos um pouco grandes, isso você puxou dele.

            Os lindos olhos de Angélica pareciam agradecer com dois fios de lágrima.    

            - Não chore filha, o que passou, passou.

            - Sei mãe, eu já vou indo.

            Angélica trabalhava num pequeno rancho perto de sua casa.

            - Bom dia senhor Joaquim!

            - Vamos entrando, vamos gente, vamos.

            Angélica entrou como se fosse um animal qualquer, pois nem sequer foi correspondida pelo seu patrão.

            - Vamos apanhando os sacos, e você menina, hoje você vai usar a peneira.

            - Mas a peneira é muito pesada pra mim seu Joaquim.

            - Se não agüentar peneirar café, você tem que morrer sua besta, vamos.

            - Está bem senhor, está bem...

            E a linda Angélica apanhou aquela maldita peneira e saiu para o terreiro enquanto o velho falou:

            - Depois eu vou lhe ajudar...

            Angélica percebeu que eram outras intenções do velho, pois ela sabia que o costume dele era abusar das coitadas garotas indefesas.

            - Você está sendo protegida - argumentou Madalena que estava peneirando café.

            - Madalena, quanto tempo você peneira café?

            - Tem algum tempo querida, por quê?

            - Sei o que o seu Joaquim gosta de usar as meninas, ele já te usou?      

             - Usar como, o que quer dizer, usar?

            - Deixe de ser idiota Madalena, você sabe do que estou falando!

            - Vamos deixar de papo - argumentou Margarida, uma fiscal do seu Joaquim.

            Angélica procurou se acomodar no terreiro...

            - Você veio pra cá hoje boneca, o chefe hoje tem gente nova!

            - O que quer dizer com isso, Margarida?

            - É que  você está no ponto, todas já passaram pelo mesmo caminho.

            - Mas comigo vai ser diferente, eu vou mudar este caminho...

            - Todas falavam assim - argumentou Sebastiana.

            - Você também já foi usada Sebastiana?

            Em poucos segundos as moças procuraram os seus devidos lugares e em seus olhares estavam à expressão de terror.

            - Você ainda não começou Angélica - argumentou o seu Joaquim que acabava de chegar.

            - Estou pronta pra começar seu Joaquim.

            - Ótimo querida, venha que vou lhe ensinar.

            O velho ao pegar a peneira deixou que a sua mão se enroscasse na mão de Angélica dizendo:

            - Como você tem as mãos macias, você é como se fosse uma rosa que começa a desabrochar.

            - Sei seu Joaquim, sei que é bondade sua como eu, pobre de mim, filha de uma pobre viúva ser comparada com uma rosa...

            - Não já ouviu falar  que as rosas nascem nos galhos de espinhos!

            - Sei seu Joaquim, mas eu nasci em um galho torto, pois o meu pai nunca teve nada.

            Angélica falou no seu pai e começou a chorar.

            - Não chore Angélica, as coisas podem ser diferentes para você, seu pai foi seu pai e você é uma pessoa diferente.

            Entre soluços Angélica falou:

            - Diferente como seu Joaquim, como pode ser diferente, mesmo que fosse diferente, não iria adiantar em nada.

            - O que pretende fazer para que sua vida seja diferente?

            - Quando somos donos de nossas vidas podemos dizer o que vamos fazer, mas quando dependemos das outras pessoas o que nos resta é apenas esperar os acontecimentos.

            Isto seria bom para o velho garanhão, pois além de garanhão ele era psicopata.

            - Hoje você pode ir para casa Angélica, depois eu passo por lá, sinto que está muito triste e isso não é bom.

            Angélica pressentia que o velho queria era apenas possuí-la, assim como tinha possuído as demais e como ela tinha certeza da sua intenção, procurava manter em segredo a sua vontade.

            - Filha, o que aconteceu que veio tão cedo?

            Angélica chorando entrou para seu quarto e nem sequer respondeu a sua mãe?

            - Filha, o que foi? - insistiu Honória.

            Depois que ela viu que a filha não respondia disse:

             - Seu Joaquim já te chamou pra peneirar?

            Angélica meio triste disse:

            - Como a senhora sabe que ele me chamou?

             - Ele faz com todas as garotas, ele sempre foi assim.

            - Ah, sei, e porque a senhora não me disse antes?

            - Você estava ficando no ponto.

            - Ponto, que ponto a senhora está se referindo?

            - Sabe filha, toda mulher tem a sua época, e assim também há homens que gostam de procurar as mulheres num determinado tempo, e o seu Joaquim sempre procura mulher da sua idade.

            - Será que ele acha que eu sou como uma vaca que espera naturalmente pelo touro mãe, ele está muito enganado, comigo não...

            - Vê o que vai fazer filha, eu não posso trabalhar, e você é a única esperança que eu tenho.

            Angélica olhou pra mãe que andava puxando a perna e encostando-se a um bastão, disse:

            - A senhora nunca me disse que o velho fazia isso!

            - Deixei que o tempo te falasse.

            - Pois é, o tal tempo falou, e agora o que devo fazer?

            - Não sei - argumentou Honória olhando pra filha meio triste.

            - A senhora tem medo de que eu te deixe só?

            - Não só, como sem comida.

            - Mas podemos vender este lugar e irmos pra outra cidade, lá arrumarei emprego e cuidarei da senhora.

            - E se não conseguir emprego filha?

            - Não sei mãe, só Deus sabe.

            - Eu vou falar com o seu Joaquim filha, ele não  vai te procurar.

            - Por quê? A senhora tem alguma força contra ele?

            - Não filha, porque eu sou uma mulher doente.

            - Esse tipo de gente mãe, não tem piedade de ninguém.

            - Sei nisso você tem razão, mas eu vou tentar.

            As duas pobres mulheres falavam e em momento alguém bateu à porta.

            - Quem será que está chamando? -  indagou Honória.

            - Só pode ser ele mãe, o velho sujo.

            Honória foi arrastando os seus pés até a porta.

            - Olá seu Joaquim, que surpresa! Vir em minha humilde casa!

            - Posso entrar dona Honória?

            - Esteja à vontade seu Joaquim. A casa é toda sua.

            O velho entrou e ao ver a linda Angélica assentada num banco se encheu de vaidade e disse:

            - Senhorita, como está?

            - Tudo bem senhor.

            - Ótimo, é assim que eu gosto.

            - Que bom o senhor, gostar de uma moça que não chore.

            - Não estou entendendo o que quer dizer Angélica.

            - Não seu Joaquim, porque não quer entender, pois...

            - Sabe seu Joaquim, é que Angélica está apavorada com a decisão do senhor.

            - Mas não vejo por onde ficar preocupada Angélica, eu só quero o seu bem.

            - Ah, sei bem o que o senhor está querendo.

            - Angélica, vê o que diz aos mais velhos.

            - Sei o que estou dizendo mãe, mas quanto a senhora, parece que está possuída.

            - Não gosto de ver mulher malcriada - gritou o velho Joaquim.

            - Não gosta seu velho imundo, vá pro inferno, saia da minha casa.

            O seu Joaquim ficou nervoso e disse:

            - Vou sair garota, mais pode ter certeza de que em meu rancho você não precisa voltar, está desempregada.

            - O senhor não pode fazer isso seu Joaquim, não pode.

            - Então cuide de sua filha que eu não estou brincando.

            Seu Joaquim saiu triste, e a dona Honória falou:

            - E agora, hem sua besta, o que será de nós, hem!

            - Não vou me entregar a este velho sujo não, prefiro morrer de fome.

            - Está bem, você vai morrer de fome, e eu?

            - Quanto à senhora eu não sei, só sei que não me interessa alimentar a senhora com a minha honra.

            Honória olhou ternamente para a filha e disse:

            - O que tem a ver uma coisa com a outra filha, quem sabe o senhor Joaquim resolva até se casar com você.

            - Ótimo, ele se casar comigo pra resolver o problema da senhora, e quanto a mim, ter que tolerar aquela merda a vida inteira, eu não posso mãe, pode procurar outra maneira de resolver os seus problemas.

            E como o velho falou que não seria necessário a pequena Angélica ir ao seu rancho, ela ficou em casa...

            - A nossa comida está acabando e o que pretende fazer?

            - Ah, eu vou à cidade ver se encontro alguém que interessa em comprar esta propriedade.

            - Não quero vender aqui filha!

            - Por quê? Uma vez combinamos em vender e irmos pra outro lugar?

            - É, mas eu mudei de idéia.

            - Está bem, eu vou pra cidade ver se consigo arrumar um emprego, assim quem sabe conseguirei um lugar pra morar, levarei a senhora pra viver o resto da vida na cidade.

            Honória olhou pra filha e disse:

            - A vida na cidade é um inferno filha, não é como você está imaginando, lá é pior do que aqui.

            - Como à senhora sabe se nunca viveu na cidade?

            - Às vezes não é preciso ir pra cidade pra saber como se viver lá, as pessoas já me falaram.

            - É mãe, a senhora já não tem pai, mãe, irmão e nem irmãs.

            - Certo, só tenho você, foi a única coisa que sobrou do meu passado.

            - A senhora nunca me disse como comprou esse lugar?

            - Coisa minha filha, até o que seu pai queria vender, mas eu não deixei.

            - Por que a senhora não deixou?

            - Deve ter sido milagre, pois uma semana depois ele sofreu um acidente.

            - A senhora nunca me disse como tudo aconteceu.

            - Seu Joaquim sabe contar melhor do que eu.

            - O que tem a ver a senhora com o seu Joaquim, pois tudo que a gente fala tem que tocar no nome dele?

            - Você ainda era muito criança e se não fosse ele teria morrido, mas ele sempre teve muito cuidado comigo.

            - Ah, sei, esperando que eu crescesse pra depois vir abusar de mim.

            - Nunca pensei nisso filha.

            - Nunca pensou que é burra, ou que foi usada por ele.

            Quando Angélica falou na questão de seu Joaquim ter usado Honória, ela ficou nervosa e falou:

            - E se ele me usou o que tem a ver!

            - É claro que tem, ou a senhora acha que eu vou me entregar a um velho imundo só porque a minha mãe foi sua amante, ah, a senhora está muito enganada. Serei capaz de me entregar a um cão do que me deitar com ele, muito menos por um emprego de peneirar café.

            Já era noite, Angélica e sua mãe discutiam os seus destinos, onde uma singela e bela jovem procurava se desviar da prostituição.

            - Este foi o dia mais triste que já passei.

            - Sei mãe, não esperava que um dia uma garotinha viesse estragar o seu plano com o seu amigo Joaquim. Coitado do pobre Augusto, sendo traído mesmo depois de morto.

            - Não é bem assim como você está falando, ninguém é traído depois de morto, quem morreu, morreu você não vê tantas mulheres que se casam depois que ficam viúvas?

            - Eu compreendo mãe, a senhora me desculpa, pois estou exagerando, mas sinto que alguma coisa está pairando no ar.

            - Fale aberta filha, você está querendo dizer que eu sempre fui usada pelo seu Joaquim, e que ele todo esse tempo estava esperando você crescer?

            - Isso mesmo mãe.

            - Pode até ter sido por conta dele filha, mas eu jamais iria fazer isso, não filha, eu não teria coragem de cometer tamanha injustiça.

            - Injustiça, que tipo de injustiça?

            - Sim, de criar você justamente pra jogar nas mãos do seu Joaquim.

            Angélica meio desconfiada disse:

            - Posso acreditar na senhora?

            - Sim filha, pode acreditar na palavra de uma velha doente.

            - Não mãe, eu quero acreditar na palavra da Honória, isso sim, mas não quero enganar a senhora, seu Joaquim deve ter feito alguma coisa muito terrível com a senhora e o meu pai.

            - O que você acha que ele fez?

            - Sei lá, mais sinto alguma coisa no ar.

            Angélica e sua mãe não pareciam pessoas inteligentes, demonstravam de pequena sabedoria, no entanto a moça parecia ter um pouco de luz mental e a sua desconfiança era de que sua mãe estava escondendo alguma coisa inerente ao passado do seu pai e aquele pequeno rancho. A noite passou, e no dia seguinte Angélica acordou muito alegre...

            - Venha tomar café filha?             - Obrigada mãe.

            Na expressão de Angélica estava alguma mudança que interessou a pobre Honória.

            - Filha, você amanheceu diferente?

            - Sim mãe, eu não vou embora, vou pedir arrego ao seu Joaquim, eu não posso abandonar a senhora.

            Honória ficou contente com a decisão da filha e disse:

             - Deus ouviu as minhas preces.

            - Que bom mãe, pelo menos ouvi a senhora falar em Deus, isso é muito importante para eu realizar a minha tarefa.

            - Que tarefa filha?

            - De enfrentar o seu Joaquim por sua causa.

            - Ele vai compreender filha, ele é um homem bom.

            Angélica tinha guardado consigo a vontade de saber como teria sido o acidente que tinha levado o seu pai à morte, e a sua mãe a ficar aleijada da perna.

            O sol parecia também está sorrindo com a decisão de Angélica, pois nem sequer se escondia atrás das nuvens, deixando com isso um límpido céu que o azul se misturava com os olhos de Angélica.

            - Seu Joaquim, vem vindo alguém.

            O velho levantou as vistas e se encheu de alegria ao ver a linda Angélica.

            - Você voltou Angélica, que bom, ótima decisão.

            Angélica sentiu que realmente tudo que o velho falou parecia ser verdade, no entanto não conseguia esconder a vontade de poder um dia tê-la como mulher.         

- Seu Joaquim, eu voltei mesmo sem a sua permissão, na verdade foi muito duro ouvir o que a minha mãe me falou ontem o dia inteiro, de modo que só assim pude enfrentar esta obstinação.

            Antes, porém da Angélica terminar de falar o velho disse:

            - Me perdoe pelo que te falei ontem, parecia estar fora de mim.

            - Tudo bem senhor, mas se isto acontecer novamente o senhor irá penar com um bastão na mão como a pobre Honória vive arrastando.

            - O que está querendo dizer com isso?

            - Provocarei um acidente da mesma forma que o senhor provocou para matar o meu pai.

            - Você não pode provar isso.

            - Não sou eu que tenho que me defender, e sim o senhor e a minha mãe, pois o meu pai foi morto e eu quero saber mais detalhadamente como foi. 

            O velho Joaquim mandou que as demais garotas fosse pra roça e depois a sós com Angélica ele disse:

            - Como você é linda, eu sempre quis viver do seu lado.

            - Por isso quando me viu nascer resolveu matar o meu pai para usar a minha mãe até que eu crescesse?

            - Não, não foi nada disso.

            - E porque não me contam a verdade, o senhor e a minha mãe?

            - O que passou, passou Angélica, deixe isso pra lá, você não vai trazer o seu pai de volta.

            - Sei que sua intenção é possuir o meu corpo e que nada mais lhe interessa, de modo que podemos fazer um acordo.          

            - Que tipo de acordo?

            Angélica levantou-se de um banco e de frente pro seu Joaquim colocou o seu pé sobre o banco deixando que o velho visse a parte interna de sua roupa que se escondia lindas coxas e disse:

            - Me diz só uma coisa.

            - Que tipo de coisa - argumentou o velho perdido na vontade de ter a garota.

             - Meu pai foi mesmo assassinado?

            Angélica falou tirando o pé do banco e colocando as duas mãos, deixando que o velho visse seus lindos bustos onde qualquer um mudaria de opinião ao receber aquela beleza incomparável de recompensa por alguma resposta.

            - Eu nunca consegui me casar, e depois que o meu pai morreu com a minha mãe, eu fiquei procurando por alguém que me fizesse companhia, mas foi muito difícil, não consegui nesta região a não ser seu pai que era o verdadeiro dono destas terras.

            - Assim você as tomou dele?

            - Não Angélica, eu as comprei aos poucos e assim nos tornando amigos, aí fui cultivar o café. De modo que comecei usar as moças.

             - Meu pai não gostou?

            - Certo, ficou muito revoltado dizendo que eu tinha que me casar, mas como eu ia me casar se não eu conseguia gostar de ninguém.

            - Se acostumou fazer com elas como se fossem vacas?

            - Não tanto assim, mas quase desta forma, eu via que cada uma tinha um jeito diferente de me atender.         - Assim ficava tudo bem?

            - É, e cada uma que vinha trabalhar no meu rancho depois dos dezesseis anos tinha que me servir de fêmea.

             - E quando me viu nascer imaginou que eu seria da mesma forma?

            - Sim, não só seria como será, você vai ser minha mulher, ou o mundo acabará pra você ou pra mim.

            - Só se for pro senhor, pra mim não.

            - Seu pai falou assim, mas acabou pra ele.

            Angélica ficou assustada olhando pro semblante estranho do psicopata que parecia se transformar em um verdadeiro monstro dizendo:

            - Rá, rá rá, eu sou o Joaquim de Melo, eu sou o Joaquim de Melo.

            No semblante do homem estava estampado algo que ao ver Angélica era o que pudesse chamar de diabo.

            - Satanás, você é o satanás - argumentou Angélica saindo de dentro da sala.

            - Volte meu amor, volte, eu quero você, volte!

 O velho indemoniado perseguiu a menina e ela corria e gritava:

            - Socorro mãe, eu vou morrer, socorro!

            - Não vai conseguir escapar de mim sua burra, venha que quero você, você é minha mulher, venha.

            Angélica já no terreiro apanhou um pedaço de pau e enfrentou o velho.

            - Ah, quer brigar comigo boneca, você vai perder, eu vou ganhar!

            A moça batia o pau no velho, porém, parecia que ele era um imortal, pois nada adiantava, e aos poucos ele chegava, e quando pegou nas mãos dela disse:

            - Agora vou provar de sua virgindade do mesmo jeito que já provei de muitas, eu gosto, eu gosto destas quatro letras, amor, eu gosto.

            E o velho imundo começou tirar a roupa de Angélica e se perdia ao ver a tamanha beleza dela e dizendo:

            - Que peitinhos mimosos, me deixe tocar neles, deixa.

            - Vá pro inferno seu desgraçado!

            - Eu gosto de me mandarem pro inferno, mande, mande, mas deixe que eu prove de seu pecado, deixe que eu beba o seu sangue virgem, deixe que eu coma da sua sedução, deixe que eu morra de prazer.

            E naquela aflição Angélica esperava por socorro, já se vendo nua e rolando na areia do caminho, tentando salvar a sua honra e sem nada poder fazer, ela gritava:

            - Socorro, venha de algum lugar alguém pra me tirar desta aflição!

            Mas enquanto a coitada gritava parecia que estava em outro mundo, o mundo do terror, e lentamente as suas forças acabavam e ela se entregava aos poucos...

            - Não, não faça isso comigo...

            O velho também já nu se perdia na vontade, nem sequer lembrava que aquela pobre garota era uma virgem, quer dizer, ela sabia que era uma virgem, mas pra ele o que importava era possuí-la e não importando com a vida dela, e se tinha ela um sonho de ter o seu amor, escolhido por ela, se tinha ela também o direito de ser feliz...

            - Vou ver se você é gostosa igual às outras, vou ver...

            E sobre a areia, Angélica sem forças se entregava ao velho imundo, pois já até sentia o corpo suado e fedorento que se encontrava no dela e pressentia que a sua coisa nojenta procurava onde se esconder, e como uma serpente se deslizando nas suas coxas suadas e sujas de terra. Pois como um pequeno momento no emaranhado de desespero o seu olhar se escondia no nada, deixando com isso a dúvida imperar os seus sentidos de como tudo ia acontecer...

            - Quero ver o gosto que você tem boneca, de todas que já possui você foi a mais difícil, deve ser a mais gostosa.    

            Angélica nem sequer fazia um só movimento, deixando o seu destino entregue nas mãos do acaso... Já sentia até a dor antecipada em seu ventre, quando em suas entranhas estivesse aquele pedaço de maldade... De olhos fechados Angélica ouviu um tiro, depois dele sentiu o corpo do velho se afrouxar sobre o seu, e ela abrindo os seus lindos olhos viu em sua frente um homem lhe entregando um colchonil e dizendo:

            - Proteja o seu corpo senhorita.

            E Angélica agradecida, pegou o colchonil e se protegeu notando, no entanto que o homem se continha no respeito e nem sequer olhou para a sua nudez.

             - Monte em meu cavalo, podemos ir pra sua casa.

            A linda Angélica montou na garupa do  cavalo do desconhecido e depois que iam bem adiante ela disse:

            - Posso saber seu nome?

            - Sim, meu nome é Diego.

            - O meu é Angélica.

            - Tão lindo como os seus olhos e todo o seu ser.

            Angélica abraçava com o corpo de Diego e se sentia na obrigação de agradecer o que ele tinha feito por ela, e dentro de seu pensamento estava o desejo de amá-lo, o desejo de se entregar a ele...

            O galope do cavalo fazia com que os seus sensuais seios se enroscassem nas costas do cavaleiro e as finas tetas parecia como duas agudas pontas de um cego punhal do amor, que aos poucos iam perfurando os sentimentos de Diego, enquanto delicadamente o corpo seminu de Angélica se repousava com a sua mimosa face no ombro do cavaleiro.

            - Estamos chegando Angélica.

            - Eu gostaria de nunca chegar ao fim deste caminho, estava me sentindo a sua mulher.

            - Haverá momento para tudo em nossas vidas Angélica, eu gostaria que você se sentisse a vontade em sua casa para depois um dia quem sabe nos encontrar, e sem nenhum problema para que saibamos se somos mesmo afetuosos, e se podemos cultivar na verdade quatro letras que sempre me buscam no meu destino.

            Angélica ficou pairada no tempo com o pensamento vazio sem poder responder ao cavaleiro que a deixou na porteira dizendo:

            - Adeus Angélica, fiquei muito feliz em poder te ajudar.

            Angélica se escondendo no colchonil disse: 

- Não quer levar seu colchonil?

            - Não, fiquei feliz em te conhecer, portanto gostaria que ficasse com ele, como lembrança deste momento e de mim, caso não nos encontrarmos novamente.

             - Eu gostaria de poder estar em seus braços de novo.

            Diego não respondeu ao intento de Angélica, e como se fosse um sonho ela o viu sumir à distância...

             - Adeus Diego, adeus meu amigo, meu amor...

            - O que foi minha filha?

            - Ele se foi mãe, ele se foi...

            A pobre Honória vendo a filha naquele estado disse:

            - O que foi que aconteceu, você está falando do quê?

            Angélica entrou pra casa com a mãe dizendo:

            - Estou muito triste por um lado e muito feliz por outro, e ao mesmo tempo triste para os dois lados.

            - Não estou entendendo filha, que lados você está se referindo, o que foi que te aconteceu, de quem é este colchonil, quem rasgou a sua roupa?

            - Seu Joaquim mãe, ele tentou me violentar, eu lutei contra ele e quando ele estava ganhando de mim, ai ele chegou...

            - Ele quem?

            - Diego, o meu príncipe.

            - Você ficou louca minha filha, não existe príncipe nenhum, você ficou louca, você deve ter matado o seu Joaquim e fica ai dizendo príncipe, você é uma assassina, foi você que o matou você é uma assassina, saia de dentro da minha casa sua assassina.      

Angélica olhou para sua mãe que lhe acusava e disse:

            - Não fui eu mãe, foi o príncipe.

            - Você matou o homem, agora quem vai ser presa sou eu, você é menor de idade, eu é que vou pagar o pato.

            - Não por mim mãe, mas pela senhora mesma.

            - O que está querendo dizer?

            - Meu pai, a senhora deve ter culpa na morte dele, a senhora vive muito do lado do seu Joaquim, agora ele morreu, só resta à senhora pra falar a verdade, foi ele que matou? Ou não foi, responde dona Honória, responde velha cambota.

            Honória partiu pra cima de Angélica arrastando da perna e dizendo:

            - Se eu fosse sã sua besta, eu lhe ensinaria...

            - A senhora foi uma covarde, e por isso Deus lhe tirou a perna, porque a senhora é uma víbora, sua velha assassina, eu vou lhe acusar de ter matado o meu pai, e esconder o que o velho fazia com as meninas, por induzir as menores a se prostituírem com um velho imundo.

            - Eu vou te matar sua besta, eu vou te matar...

            Angélica entrou pro quarto e vestindo a sua roupa, escondendo o seu lindo corpo dizia:

            - Este será seu Diego, ninguém irá tocar em mim além de você, só se você não quiser, mas mesmo assim, mesmo que você não me veja nunca mais, ninguém tocará em mim.

            Depois que Angélica terminou de se entregar aos seus caprichos e que saiu no terreiro, a sua mãe já tinha saído.

            - Aquela tonta já foi ver o amante dela, eu vou lá dar uma olhada.

            Foi a primeira vez que Angélica resolveu montar no cavalo que já velho vivia numa pequena roça nos fundos da casa, era nele que de vez em quando a sua mãe montava e dizia:

            - Rochão, foi um presente que Augusto me deu...

            - Vamos Rochão, vamos ver o que aquela idiota foi fazer...

             Minutos depois Angélica passava pela estrada recordando o que lhe acontecera na garupa do cavalo de Diego, até parecia que os seus seios estavam tocando no corpo dele.

             - Como posso esquecer você Diego, foi muito lindo - dizia Angélica consigo mesma pelo caminho.

            Ao chegar ao rancho, Angélica se surpreendeu com tanta gente que ali estava, e entre elas a polícia.

            - Não fui eu, e sim ele, o seu Joaquim, ele o matou porque ele era contra o seu Joaquim abusar das meninas que trabalhavam no rancho.

-           E porque não contou tudo à polícia dona Honória?

            - Por duas coisas delegado.

            - Quais? - interrompeu o delegado curioso.

            - A primeira, eu já tinha perdido meu marido...

            - E a outra?

            - Fiquei viúva, e com uma filha pra criar, e ele era o único homem que poderia me ajudar.

            - Assim a senhora o acobertava...

            - O que o senhor acha que eu deveria fazer?

O delegado olhando a expressão de tristeza que tinha a velha, disse:

            - Mesmo assim a senhora terá que ser presa,

 

não pela morte de seu esposo, mas pelo crime que a sua filha cometeu.

            - Eu não cometi nenhum crime delegado - relatou Angélica que acabava de chegar.

            - Mas a sua mãe disse que cometeu o crime, e o que vale é a palavra dela, você é menor de idade.

            - Mas a minha mãe disse por dizer, é porque eu não quis ceder ao capricho dela.

            - Que capricho? - Interrompeu o delegado.

            - Ela quer dizer delegado...

            - Deixe que ela mesma diga senhora! - exclamou o delegado.

            - Bem delegado, nada adianta ela falar.

            - Soldado leve esta senhora pra lá, enquanto eu falo com a moça.

            - Sim senhor! - exclamou o soldado levando a            pobre Honória presa nas algemas frias.

            Angélica olhando a mãe naquele estado, disse:

            - Ela é minha mãe delegado, o senhor não pode fazer isso com a pobre velha aleijada.

            - Não venha me dizer o que devo fazer mocinha, eu sei muito bem o que fazer  ou deixar de fazer, vai falando logo sobre o tal capricho.

            - Sim delegado, ela sempre escondeu aos olhos dos outros o que aquele velho imundo fazia...

            - E o que o velho fazia?

            - Abusava das meninas, de todas elas.

            - E como você poderá sustentar isso?

            - Pode perguntar a elas.

            De modo que o delegado perguntou algumas moças mas de nada adiantou, pois todas negaram a acusação.

            - Soldado, pode levar a Honória pro xadrez, quem matou o velho foi mesmo a Angélica.

            - Não tenho o direito de explicar o crime delegado? - interrompeu Angélica

            - Sim moça, pode falar.

            - Obrigada senhor! - exclamou Angélica dizendo:

            - O velho queria que eu lhe servisse o meu corpo, de modo que recusei assim ele tentou me usar a força, foi quando logo me vi nua e nos misturamos na areia e as minhas forças acabaram, e fui aos poucos forçosamente me entregando ao velho imundo, já até sentia a sua maldade em minhas pernas, foi quando fechei os olhos pra não ver os olhos imundos possuir a minha alma e a mim mesma, ai ouvi um tiro...

            - Neste instante você abriu os olhos?

            - Sim, quando percebi que o velho morrera sobre mim, foi muito triste...

            - E depois, o que aconteceu?

            - Como eu ia dizendo, ao abrir os meus olhos, estava em minha frente um homem muito bonito.

            - Quem era esse homem bonito?

            - Diego, ele falou, Diego Andrade.

            - E onde ele mora?

            - Não falou só que me levou em casa e se foi! - exclamou Angélica chorando e dizendo:

            - Antes eu tivesse ido com ele...

            Depois que a linda Angélica falou...

            - Muito bonita a história mocinha, mas a sua mãe vai mesmo presa.

            - Como senhor, se eu não tenho culpa, e ela mesma afirma que não matou ninguém, pois foi o Diego que matou o velho assassino!

            - Eu sei o que estou fazendo filha, vou levá-la presa sim.

            Quando Honória viu que ia mesmo ser presa disse:

            - Senhor delegado, eu posso falar com a minha filha?

            - Não senhora, só o Juiz poderá dar esta permissão, eu cumpro ordens.

            Já era tarde, as moças procuravam fazer o sepultamento do pobre velho Joaquim, aquele temeroso garanhão que tinha levado consigo os sonhos daquelas pobres meninas órfãs que ele mesmo tinha matado os seus pais para poder apoderar-se de suas filhas.

            Angélica meio triste ficou sem saber o que fazer ao ver o semblante triste de sua mãe ao ser presa, de modo que disse:

            - Vamos Rochão, nós nem devíamos ter vindo aqui.

            Ao chegar a casa ela soltou o Rochão no pasto e entrou pro seu quarto, lá falava com o retrato do seu pai, este, no entanto, parecia agradecer por alguma coisa.

            - Sei pai, sei que não temos culpa de nada, mas é assim mesmo o destino, a sua esposa foi presa por eu ser acusada de ter matado o velho, mas eu sei que o senhor sabe que foi o Diego...

            Angélica falava e chorava, e até mesmo parecia que o retrato do velho Augusto também chorava.

            - E você dona Honória, o que foi que lhe aconteceu, que tristeza! - relatava Angélica olhando pro retrato de sua mãe.

            Angélica parecia estar meio tonta e foi se deitar. No seu pequeno leito ela ficou abraçando com o colchonil que Diego tinha lhe dado, até demonstrava em sua expressão que ele estava por perto. O seu corpo sedutor parecia saciar ou era vontade que pairava em seu pensamento, ou um desejo de estar com Diego lhe fazia comprimir as suas mãos nos sensuais seios que aguardavam naturalmente por Diego, a única pessoa que era desejada.  

            - Onde está você Diego, venha Diego, eu estou à sua espera...

            E na pesada alucinação, a linda moça dormiu...

            Logo a noite rompeu, mas na casa do finado Augusto só a Angélica suavemente dormia. O vento fazia as árvores bailarem e o sussurro da brisa se escondia no mistério do campo... 

            - Quem será que vem vindo - argumentou Angélica consigo mesma ouvindo o tropel do cavalo.

            - É o cavalo de Diego, é ele que vem me ver...

            Angélica se levantou e foi até à porta ver se via quem estava chegando, porém o que encontrou foi uma forte ventania que invadiu o seu ser, no vento ela sentia a presença de alguém, mas um alguém muito estranho, um alguém que já era morto, de modo que ela disse:

            - Meu Deus, salve-me desta tentação...

            E do invisível veio uma voz:

            - Não tenha medo Angélica, minha doce Angélica, eu quero sentir o teu calor...

            - Vá pro inferno seu Joaquim, saia da minha casa seu espírito desgraçado, saia da minha casa...

            - Só depois  que eu te possuir Angélica, mulher 

 

 Nenhuma me recusou, e todas que me recusaram eu consegui à força, menos você, por causa daquele idiota que me matou.

            - Está bem seu Joaquim, quer dizer, seu finado Joaquim, eu tenho uma proposta pra lhe fazer!

            - Que proposta minha gostosa, vai falando logo que eu já estou ansioso.

            - Onde mora o Diego?

            - Não, não quero saber daquele desgraçado, não quero nem ouvir o nome dele.

            - Está bem, não é preciso ficar nervoso, eu não vou insistir só que fica do mesmo jeito, nada feito.

            - Eu te mato.

            - Você não mata ninguém seu idiota, você já morreu.

            - Não fale isso, eu não gosto de ouvir isso.

            - Ah é, vocês coronéis não gostam de ouvir nada, vocês nunca ouviram nada, não ouvem nem depois de mortos, mas a mim você vai ouvir espírito de idiota, seu espírito imundo, espírito de coronel, você vai morar eternamente no inferno, você nunca irá alcançar a salvação seu idiota, coronel idiota...

            Angélica tentava desabafar com a forma indefesa do espírito do coronel Joaquim, mas, no entanto o grande espírito do mal aflorou no espírito do velho garanhão e disse:

            - Vou te traçar, vou levar a sua alma mocinha burra, mocinha que nunca acreditou em mim, eu vou acabar com você...

            E na casa de Angélica travava uma grande batalha...

            - Você não vai fazer nada com ela Joaquim!

            - Você nunca pôde comigo Augusto, eu sempre fui poderoso, você nunca pôde comigo.

            Quando Angélica ouviu o espírito do velho Augusto, surpresa disse:

             - Pai, é o senhor pai? Fale comigo pai, fale!

            O espírito de Augusto chegou perto de Angélica e falou...

            - Você não se lembra de mim filha? Faça a minha imagem em sua mente que vou lhe dar.

            - Sim papai, pode falar que vou imaginar.

            Augusto começou falar como era a sua última imagem, pois foi assim que ele se lembrava.

            - Vejo o fogo me consumindo filha. Minha roupa rasgada se desfazendo me chama, meu...

            E depois que o espírito do pobre Augusto falou, Angélica disse:

            - Te vejo tão feio, como é feio você! - exclamou Angélica olhando o retrato que amarelado pelo tempo escondia a verdadeira expressão do seu pai.

            - Nunca vou saber como era você de verdade, só por causa de um maldito coronel, um velho idiota.

            - Não me chame de coronel sua besta.

             - Eu chamo sim coronel desgraçado - gritou Angélica indo em direção a voz do seu Joaquim.

             - Não vai minha filha, não vai.

            - Mãe, onde está a senhora?

             - Eu já morri minha filha, só vim lhe trazer uma notícia.

            - Minha querida Honória, como você está feia com esta perna quebrada dentro destas grades, você está presa!

            - E você Augusto, saia de dentro deste fogo, e o que quer perto deste velho nu?

            - Eu sou Joaquim Honória, eu sempre te amei.

             - Você nu Joaquim, o que foi isto?

             - Foi aquele demônio - aquele desgraçado.

             - Então não foi Angélica que te matou?

            - Não, foi ele, eu não gosto de falar né, foi ele que tirou a minha felicidade, a felicidade que eu tinha. Ele a levou, não gosto de falar, não gosto...

            - Bem feito velho otário, bem feito.

            - Bem feito porque Augusto?

            - Você morreu, me matou mais morreu, morreu...

            - Eu paguei pela sua morte, eu paguei.

            - Pagou o que, eu não recebi nada!

            - Ele pagou Augusto, ele pagou.

            - Em dinheiro mãe, ele pagou em dinheiro ou por possuir a senhora?

            - Não filha, ele me deu o seu Rancho.

            - Como lhe deu o rancho?

             - O documento está dentro da minha mala, pode ir ver!

            Angélica foi correndo ver o documento e feliz falou:

            - Obrigada mãe, obrigada seu Joaquim, obrigada pai.

            Houve um grande sorriso que veio de dentro do chão e os três saíram gritando, gritando, gritando...

            - Adeus mãe, adeus...

            O dia já estava amanhecendo e logo veio chegando alguém que gritou:

            - Angélica, ô Angélica!

            Angélica saiu na porta e disse:

             - Quem está me chamando?

            - Sou o delegado Pedro.

            - Fale doutor, o que quer?

            - Viemos trazer o corpo da sua mãe, ela morreu, mas antes se confessou.

            Angélica sorriu e disse:

            - Como te amo querida, a senhora foi muito inteligente.

            O dia passou e os soldados ajudaram a sepultar a velha Honória e já noite se foram, Angélica foi pra casa esperando o dia amanhecer pra ir à cidade tomar posse da sua terra, do seu lindo rancho de café...

            Os dias se passaram e numa tarde Angélica estava colocando a placa na frente do rancho, e quando subia na escada caiu, mas alguém lhe segurou dizendo:

            - Lindo nome, com estas quatro letras eu escravo amor.      

            - Diego, é você meu amor?

            Angélica de olhos fechados beijou Diego enquanto as suas empregadas os deixaram a sós, e lá eles foram felizes para sempre, atrás das quatro letras...       

 

FIM

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