sábado, 29 de abril de 2023

Poemas I João Rodrigues

 Poemas I

 

NANINHA

 

Não tenho nem palavras

Não tenho nada a dizer

Não tenho com que comparar

O seu significado

Diante do que mostrou

No seu lindo viver,

 

Reconheço o seu valor

Digna do meu respeito

Por ter tolerado a dor

Explodindo o seu peito

Vivendo na sua humildade

Como se fosse nobreza,

 

Pois nas horas difíceis

Nunca escondeu o sorriso

Que consumia as lágrimas

Tristes do seu olhar

Seguindo a sua estrada

Sem saber aonde chegar,

 

Pois de passo em passo

E cada pegada no chão

No seu corpo cansado

Na vida de ilusão

Assolada pela batalha

Sem nenhuma compaixão,

 

            João Rodrigues

 

SAUDADES

 

Estou farto de saudades

Desde que você se foi

Sei que foi para longe

Viver no mundo do além

Lugar onde só que foi

Deste lugar sem voltar,

 

A saudade é confiante

Por saber o que se deu

Mas procuro entender

Nos momentos que tivemos

Nos alegres eu prefiro

Pra não me entristecer,

 

De onde estar se puder

Peço desculpas por tudo

Mesmos nos momentos mudos

Que fiquei a chorar

Quando algo estava errado

Sem eu poder falar,

 

            João Rodrigues

 

SER POETA

 

Ser poeta é ser um ser

Que abraça a existência

Que vive sua presença

Em cada momento da vida

Procurando retratar

A esperança perdida,

 

Ser poeta é ser amigo

Mesmo do inimigo

Demonstrando seu valor

Mostrando que nossa vida

É somente poesia

De um poeta Senhor,

 

Ser poeta é ser mais um

Do lado de qualquer um

Procurando alegrar

Transformando em poemas

Os pedaços de dilemas

Que vivem a atormentar,

 

Ser poeta é ser senhor

Parceiro do Criador

Levando ensinamentos

Em cada verso que faz

Trocando guerra por paz

No espaço da razão,

 

Ser poeta é nada mais

Do que uma luz a brilhar

Na mente de cada ser

Indicando o seu caminho

Que num passo de poesia

Seguimos a vida sim fim,

 

 

João Rodrigues

 

 

O ALÉM

 

Um dia eu irei

Com quem não sei

Sei que vou pro além

Não quero nem poder querer

No além não se quer

Nem se vê o que querer,

 

É diferente daqui

Sem luz ou escuridão

Sem miséria e humilhação

Sem razão

Sem nada mais além

Lá é o além,

Ali ninguém chora ou clama

Não tem mágoa nem drama

Pois é o além

Além de tantas tristezas

Do mundo de incertezas

Do além, além,

 

Além para mim é verdade

Que se apaga a maldade

Que muda a realidade

Só o além, além

Ele está aqui

Pois vejo alguém sorrir

Para o além,

 

Sorrisos que não se apagam

Porém só pro além

Pois são sorrisos eternos

Que vão e nunca vêm

Ficam sorrindo, sorrindo

Para o além

Bem além,

 

 

João Rodrigues

 

 

O BALANÇO

 

No balanço eu me balanço

Nesta vida a balançar

Vivo no balanço do balaço

Não me canso do balanço

Eu balanço e balanço

Neste balanço, balanço,

 

Deito com o meu balanço

Levanto d meu balanço

Ando com o meu balanço

Repouso no meu balanço

Se canso com meu balanço

Sento no meu balanço,

 

Falam do meu balanço

Eu gosto do meu balanço

Desprezam o meu balanço

Adoro o meu balanço

Pois vivo do meu balanço

Assim balanço e balanço,

 

Querem o meu balanço

Eu de ódio me balanço

Não perco o balanço

Não entrego o balanço

Pois com ele eu balanço

Sem meu balanço balança,

Meu balanço meu amor

O meu amor balança

Que balanço

Amo o meu amor no balanço

No meu balanço meu amor

No meu balanço

Meu amor balança,

 

 

João Rodrigues

 

 

O FANTASMA

 

Anda sempre por aí

Interpretando alguém

Sem importar no que dá

Se desgosto ou alegria

Fantasma do sonho da vida

Que nos leva,

 

Eu para muitos sou você

Coberto de muita razão

Sou como o entardecer

À noite e a escuridão

Sou um coração malvado

Que nos leva,

 

E quando sinto que sou

Vejo tudo diferente

Uns correm de mim

Com semblante assombrado

São verdadeiros fantasmas

Que me deixam,

 

De tantos fantasmas

O mundo está diferente

Vejo fantasmas tristes

Alegres e sorridentes

Porém  estou feliz

Que me deixam,

 

Também pudera

Só se vê assombração

Pra cada cara que olho

Haja coração pra agüentar

São verdadeiros fantasmas

Que nos fazem,

 

 

João Rodrigues

 

 

A ADOLESCENTE

Alegre e contente

Cheia de fantasia

Ela não se cansa de falar

São tantas as suas idéias

Para se realizarem

Até se esquece da vida,

 

Mais forte do que eu

As vezes perde a razão

Pois eu só penso no nada

Ela é otimista

Corajosa e inteligente

Jogando qualquer partida,

 

Eu que sou poeta

Que só penso em fantasia

Gosto de adolescente

De uma forma qualquer

Pois poesia é amor

O que pra mim é diferente,

 

Ela sabe dividir

O amor da poesia

Sabe encontrar a verdade

Porém ao seu entender

Guarda o amor em segredo

Para ninguém saber,

 

Vai meu abraço a você

Jovem adolescente

De uma coisa pode crer

Sou seu admirador

O que fizer em sua vida

Nunca irei esquecer.

 

 

João Rodrigues

 

 

ENQUANTO

 

Enquanto no seu castelo

Ouve o piano tocar

Pelas mãos da atriz

Que te chama de amor

Eu aqui na masmorra

Morrendo de tanta dor,

 

 Enquanto você senhor

Dono de tudo que quer

 

Coberto de glória e poder

Não se cansa de amar

Eu aqui na masmorra

Não me canso de penar,

 

Enquanto em suas noites

De festa e alegria

Com seus amigos poderosos

Nos bailes de fantasia

Eu aqui na masmorra

Assombrada e fria,

 

Enquanto em seus planos

De mostrar o seu poder

Provocando desafios

A quem bem entender

Eu aqui na masmorra

Dia e noite a sofrer,

 

Enquanto estiver tudo bem

Você sendo vitorioso

Porém se cair no fracasso

Em qualquer um dos dias

Eu estou aqui na masmorra

Pra te fazer companhia.

 

 

João Rodrigues

 

 

O TEMPO

 

Antes que passa

Procure saber

Para não perder

A salvação,

 

Qual é a sua fé

Se é que tem

Pense em quem

Possa te dar,

 

Pois se perder

A nave santa

A sua banca

Chegará ao fim,

 

 

João Rodrigues

 

 

O VENTO

 

Dono do vácuo

Senhor dos montes

Rei do vazio

Invencível,

 

Dono da força

Senhor da distância

Rei sem clemência

Suave,

 

Dono do dia

Senhor das noites

Rei dos abismos

Lá nos confins

Brutal.

 

 

João Rodrigues

 

 

O TOLO

 

Deixa comigo

Eu sei o que faço

Não tenho medo

Sou o melhor,

 

Sai da frente

Sou eu quem manda

É minha vez

Sou o melhor,

 

Espere aí

Quero falar

Ninguém te ouviu

Fica perdido

Foi o melhor,

 

 

João Rodrigues

 

 

POLÍTICA

 

Sol que vive entre as nuvens

Sem brilho como alua

Sem sentido no destino

Sem realização,

 

Estrada curta que chega

Esburacada e perdida

Escola de depravadores

Escória de safadeza,

 

Meretriz de incompetentes

Matilha de usurpadores

Muralha de incerteza

 Matança de inocentes,

 

Eu quero distância

Levar a minha vida

Até um dia...

 

 

João Rodrigues

 

 

PALÁCIO

 

Casa da vergonha

Casulo de esconder

Combinado de maldade,

 

Ovário de vermes

Oráculo do inferno

Oco da podridão,

Vazio da injustiça

Véu que envolve

Vidas para o mal,

 

Isto aconteceu

Independente viveu,

 

Lamentos até o fim...

 

 

João Rodrigues.

 

 

PRISÃO

 

Labirinto perdido

Unidade de confino

Grades de um sistema

Agora compreendido

Reservado ao poder,

 

Desde a sua criação

Está à disposição...

 

Para servir o doutor

Otário e cheio de pompas

Brutal em suas decisões

Rude senhor de gravata

Estacionado no tempo.

 

 

João Rodrigues

 

 

NEM

 

Nem sei nem quero saber

Nem um nem outro

É o que ouvimos dizer

Nem eu nem ele

É sempre assim

Todos vivem do nem,

 

Nem sei quantos dias foram

Nem prestei atenção

Nem vi a noite passar

Nem tomei decisão

Nem gosto de recordar

Nem controlo minha emoção,

 

De tantos nem que existem

Nem sei o que sou

Pois nem sei o que seria

Se ao menos não sei o quê

Só sei que não sei o quê

Quem me deixa sem saber,

 

Nem sei o que respondo

Quando alguém perguntar

Nem sei se vai me ouvir

Nem sabe o que perguntou

Pois em tantos nem da vida

Já sou um nem do viver,

 

Nem pra cá e nem pra lá

Vamos rolando o nem

Nem quero saber se um dia

Não vá existir mais o nem

Mas enquanto tiver o nem

Vamos viver de nem e nem,

 

 

João Rodrigues

 

 

O CANDIDATO

 

Sempre em dúvida ele vai

De porta em porta batendo

A procura de trabalho

A fim de ganhar o pão

O Sustento da família

E a fatia do leão,

 

Chega a um não lhe serve

Vai pro outro e está fechado

De tanto andar pela rua

Seu sapato está furado

À noite chega em casa

E o aluguel atrasado,

 

Nem consegue dormir

Descombina com a mulher

Quando vai procurá-la

Pra satisfazer a vontade

Porém não consegue nada

Nesta noite atormentada,

 

O dia chega cedo

Ele sai a procurar

Como cão em uma selva

Não cansa de farejar

Disposto a acuar

Qualquer caça que achar,

 

É isto que acontece

Logo encontra alguém

Que vendo o seu estado

Procura aproveitar

Pra sugar o seu sangue

Até quando ele acabar,

 

 

João Rodrigues

 

 

 ANDANDO

 

Saí andando, andando

Andando pela floresta

Segui um carreiro batido

Passando em malhadores

Fui andando, andando

Não encontrei ninguém,

 

A mata fechada

Aqui e acolá

Tinha que parar

Cortar ramos com facão

O som ecoava distante

Na imensidão do silêncio

Até me dava medo,

 

Não percebia nada

A não ser o mormaço

O vento assoprava forte

Chocando árvores nas outras

De vez em quando pássaros

Meus pelos arrepiavam,

 

No meio do carreiro aparece

Vejo ali rastro de gente

Dois andarilhos

Quero conhecê-los

Sigo em frente

É de pouco tempo

Está perto,

 

As pegadas somem

Pra onde foram

Fico pensando só pensando

Foram para outro lugar

Quanto a mim, sim

Vivo andando, andando...

 

 

João Rodrigues

 

 

SEU OLHAR

 

Seu olhar para mim

É pura verdade

Pois sinto que o amor

Vive em seu olhar

Pois quero sempre ter

Seu olhar em meu amor,

 

Quando levanto e vejo

Você olhando pra mim

Descubro-me pra viver

O seu intenso carinho

Que com seu olhar

Não estou sozinho,

 

Na verdade o amor

Está no olhar

Pois só se ama alguém

Após o lindo olhar

Que agrada o coração

No peito a palpitar,

 

Com meu olhar te vejo

Comovida de paixão

Parece possuída

De desejo e emoção

Tudo pelo olhar

Que nasce do coração,

 

Assim o amor assim

Nunca para de olhar

Quando saio e quando chego

Esteja sempre me olhando

Pro nosso amor ser feliz

Feliz como o olhar,

 

João Rodrigues

 

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