O VIAJANTE
JOÃO RODRIGUES
Gostaria de recomeçar
Desde o instante primeiro
Ver nos teus olhos cansados
O preço da ilusão,
Sei que faria de novo
D'eles lágrimas jorrarem
Ao tom,
Movidos de desejo
No talvez do beijo
De uma boca
Provadora de fel,
Horto da flora
De uma ave a voar
No porto do tempo
Eu queria voltar,
Jubileu esquecido
Na penumbra do desejo
Na carícia
Assoprada pelo vento,
Luzes apagadas
Enormes salas vazias
Quadros de agonia
Onde estou?
Abigail
Grite agora
Se não gritar
Chora,
Minha Abigail
Sei
Sim
Sei que está
Louca para gritar
O nome de alguém,
Lá distante também
Nuvens escuras
Partidas no infinito
Do trovão
O grito,
Água suave
Cabelos lambidos
Rosto pardo de frio
Dentes brancos
Do sorriso,
Fibras de tecidos
Misturando no corpo
Do gosto
Da vida,
Pés descalços
No chão frio
Molhado no barro
Veja Abigail,
Foto viva do passado
No canto da mente atirada
Viva agora
Na estrada
Vamos falar com ela
Na enxurrada,
Bilhete correndo
Protegido na garrafa
Só para lá,
Vai bilhete dizer
Nem sei como esquecer
Do último pingo,
Não chores mais
Porém o sol se foi
Queria ser a lua
Para poder ver,
E se ela olhasse
No meio da escuridão
Veria os seus olhos
Brilhando com a paixão,
Boneca de carne viva
Brinquedo de sedução
Num conto
A espreita
A espera,
Eu sinto
O faro do desejo
Apostar no sentimento
Estou presente,
É tudo vago
Como sonho acordado
Do nada que se vê
A sofrer,
Corra destino
Vá lá ao seu encontro
Fale do meu semblante
Retrata o meu sofrer,
Diz lá que estou
Igual um disco rodando
Na ponta da agulha
A voz de alguém,
Bernarda
Você se foi?
Só resta a sua voz
Rouca,
Pássaros cantando
Querendo te imitar
Na floresta da vida
Na lida,
Estrada sem viajante
Árvores invasoras
Aranhas em suas teias
Marca do tempo,
Troncos velhos no chão
Caídos na tempestade
Alimentando cupins
Guardando lá no seu oco
As serpentes coloridas,
Depositando as ninhadas
Fazendo a nossa estrada
Chegar ao fim,
Vai sem mim
Vejo agora
A curva se fechando,
Gostaria de ser
Um viajante,
Seria assim contente
Não viveria errante
Correria ao encontro
De Carmélia
Meu amor,
Na veloz corrida do som
Sem dor
Aconchegante,
Na mesa redonda
Com cartas escondidas
Esperando a partida
Ou ordem do jogador,
E Deus
Onde fica nessa
Depois de tudo não sei
Se sou
Um covarde,
Com medo da razão
Sentindo falta
Do pão,
Ardor
Provando gosto de fel
Sentindo sabor de mel
Mesmo no sofrimento,
Esperança
Que desgraça
Veja que coisa sem graça
Não sei o que quero,
Lembrando Abigail
Desejando Bernarda
Alimentando Carmésia
Sou um louco?
Sei que não é paixão
Vivendo na ilusão
Ainda quero Denise,
Confiante viajante
Na reta da consciência
Talvez eu seja
Um grande imbecil,
Pois venho pedir
Volte de novo
Brilha
A imagem refletida,
Coragem
Não vou despedaçá-lo
Se sina ou sorte
Mesmo antes da morte
Mulher,
Volte de novo aqui
No espelho a refletir
O pecado,
Deixe o pano fino
Confundir a realidade
Morrer de felicidade
Se tu vieres,
Não sou dono seu
E também um fiador
Nem posso ser
Protetor
Nem sei merecer
Devo morrer,
Correndo estrada afora
Chamando-te de senhora
Efigênia
Querida
Que lindo nome,
Mais bela
Que suspiro,
Ainda guardo
Desejo recolhido
Do fundo do coração,
Minha bela,
Porteiras fechadas
Para todos os caminhos
Na areia movediça
Da cobiça,
Você
Incomparável princesa
Escultura da beleza
Que fui dono,
Hoje
Como sonho
Não consigo esconder
Nem meus olhos fecham
Depois do sonho,
Parece um fardo pesado
Que me curvo de alegria
De talvez um dia
Lá na distância
Como estrela a cintilar
Lembrando o seu olhar,
Para mim
Vou lembrar
Quanto puder
Pense o que pensar
Sorria de mim,
Enquanto vivo
Assim
Sempre
Sempre chorando
Como um idiota
Amando,
Será isso o amor
Que no chicote a sofrer
Num páreo a perder,
Ainda diz
Mesmo assim sou feliz,
Deus
Perdão senhor,
Não quero lhe culpar
Por ter me inventado
Antes fosse um chinelo
Nos quentes pés da bela,
Suportando o seu corpo
Suave como a pluma
Do lado da sua cama
Sempre a tua espera,
Lá
Ao bel prazer,
Seu servo gelado
Ali no chão atirado
Sem ao menos sentir,
Por outro lado vejo
Fiel sedutor
De tantas lembranças
Lembrado sou,
Firmina
Quanto tempo
Vejo quando na fumaça
Recordo nossas trapaças,
Venha cá,
Lembrança árdua
Abraço de pulsação
Venha
Para meus braços
Mesmo assim a sonhar,
Lembra-se coisa minha
A última vez
Você disse
Que não sei
Comportar como devia
Sei que seu corpo tremia
Na fúria do amor,
Agora que está fria
No gelo da escuridão
Presa em um caixão
Servindo a fome
Incansável do verme,
Na vontade a provar
Do seu resto
Seu sabor,
Que me dói também
Na hora do banho sozinho
Ouço zumbido ao longe
Como você sempre vinha,
Minha cigarra cantante
Sem ritmo e melodia
Proibida por alguém
De fazer o que devia,
Sei que não canta mais
Foi embora minha canção
Como no vento da morte
Levando rumo ao sul,
Minha bússola perdida
Orientava o marinheiro
No mar do amor
O viajante,
E onde estarás agora
Acalenta-me se puder
Firmina
No armário ainda vejo
O seu lençol
Lavado ha anos
Nas minhas lágrimas,
Vou parar de chorar
Não sei se incomodo
Desculpe-me querida
Vou parar,
Porém antes
Vou cantar uma canção
Não sou capaz de ver
Se você vai gostar,
Ela fala de nós dois
Fala dos nossos momentos
Pois como a nuvem
E o vento
Unidos num só destino,
Amor, amor, amor, amor.
Foi muito triste viver
Sem te, sem te, sem te.
Amor, amor, amor, amor,
Quanto doeu em mim
Gritei o seu nome
Pro mundo inteiro saber
Que sempre te amei,
Meu amor
Agora onde estiver
Não se esqueça amor
Que como uma flor
Foi o que foste,
Meu bem
Não encontrei ninguém
Com o perfume sublime
Que era somente seu,
Meu bem
Em ti
Eu sei,
Quero falar com Géssica
Recordar o nosso fim
Como vive agora sem mim
Na escuridão
Sei que dorme eterno sono
Enquanto sofro a minha dor,
Saudades quanta saudade
Vivo farto
Farto de saudades,
De te Géssica
Géssica
De um amor
Um grande amor,
Muito estranho
Pois me pareceu um sonho
Com o seu jeito,
Era o jeito de Géssica
Pois para te
Era somente alegria
Trocava tristes momentos
Por instantes de sorriso
Vivia sempre a cantar
Mesmo à beira do abismo,
Minha Géssica
Estas cartas
Amareladas pelo tempo
Escritas no sofrimento
Quando você ainda vivia
Até parece que sabia
Que me acalentava,
A minha saudade um dia
Adeus Géssica
Até quando não sei
Pois não tem
Para minha vida um jeito
Um jeito como o seu
De ser como seu jeito,
Sei que me escuta
Do lugar onde está,
Sei que não pode falar
Mesmo com vontade,
Eu estou chorando
E viajando no tempo
Num barco sem vela
Num oceano sem vento,
Estou vivendo sem destino
Quase morrendo por ela,
No entanto eu canto
Quando recordo Híbrida
Que só vivia a cantar
Fazia o vento assoprar
Pra seus cabelos bailarem
E cada fio zumbir,
Seus lindos lábios
Sempre corados a sorrir,
Vamos ouvir agora
Um poema feito em acroche
Para Híbrida,
Hoje estou contigo
Inteiramente contente
Basicamente eu choro
Rogando a Deus
Iludido
Desejando o perdido
Agora sei,
Foi você que tive
Orando sempre comigo
Nos difíceis dias,
Sei que anos e anos
Passaram-se
Eu sempre ali,
Corpo forte e protetor
A te abraçar,
Deus sabe o quanto foi bom
Nada tenho a reclamar
Pois todo tempo vivido
Caminhando a caminhar
Indo sempre sem voltar
Mesmo sem olhar
A estrada que íamos,
Não sei por que
Se foi Hibrida
O nosso viver,
Assinado
O viajante,
Deixo a chave
Do lado da fechadura
Na espera
De mais um momento,
Vou andando
Nesta casa sombria
Onde passei os meus dias
Confiados por Deus,
Não sei
Se sei não sei
Se escutar
Seria melhor calar,
Isabel
Minha bela
Dona de uma fera
Que sempre te desprezou,
Tudo que você tinha
Minha linda Isabel
No seu sentimento
Era amor,
Sol que irradia
Pura energia
Isabel
Minha flor,
Quantas vezes amor
Contei todo o seu ser
Pros teus pés
Eu corria,
Na estrada imaginária
Passando por suas curvas
Sentindo a vibração
Mergulhando em emoção
De prazer,
Lembro que me dizia
Qualquer dia morrerei
E o dia que não sei
Não quero vê-lo chegar,
E ele chegou covarde
Não ouviu
O grito que dei
Pra você ficar,
Porém você partiu
Sabe naquele dia
Muitos me perguntaram
Outros até choraram
Sentindo a sua falta,
Ao algo incomparável
Como o dedo e o anel
Éramos nós dois,
E do fundo da minha alma
Tudo posso desejar
E se não bastar
Não vou ficar triste
Pois se eu merecer
É como a onda do mar
Enfrentando o viajante
A te mar,
Boa noite minha bela
Até outro momento
Vou recordar
Ao sussurro
E a sabedoria do tempo,
Cheguei Jaqueline
Estou aqui a repousar
Sentir a sua alma
Pagando pelo seu ato,
Jaque mulher morena
Conhecida por pequena
Cobra que envenena
Que mata na ilusão,
Dama destruidora
De sorriso e simpatia
Onde o tolo confia
Na sua lábia sedutora,
Seria esse o destino
Pedaço de tentação
Que mesmo assim no caixão
Eu sinto o mundo tremer,
Suas nove letras malditas
São como pingos de dor
Confundidos com o amor
Ou instantes de paixão,
Agora não sai daí
Pois o verme alimenta
Levando para o esquecimento
O que não posso esquecer
Não posso sentir
Nem ódio nem alegria
Sei que isso um dia
Deus ia me confiar
Quero ver você querida
Destilar o seu veneno
Levantar falso de mim
Do que nunca te devi,
Pois tem a morte
Sua víbora
Para dar cabo a tua língua
Pra tirar a sua visão
Pra te levar pro chão,
Agora respira titica
Enquanto o verme te come
O destino te consome
Restando a minha vitória,
Hoje sou melhor que tu
Só porque te perdoei
Porém sempre sonhei
Ver você onde está,
Agora vou ver Kênia
Sua prima infernal
Sangue do poço do mal
Vinhas da escuridão
Ovelhas negras
Que num curral perdidas
Vivem sempre a penar,
Olhar não pode mais
Estou livre da maldição
Não podem me seguir
Estou livre da perseguição,
Como herói bato no peito
Achei a liberdade
Ainda dizem que o amor
É algo especial;
Já eu penso diferente
Que ele é o dilema,
Como o ator
Vive representando
O personagem sonhando
Querendo te agarrar
Kênia vinha correndo
Meiga e sorridente
Até demonstrava contente
Querendo me conquistar,
Infeliz prostituta
Vivendo o corpo de violão
O som da morte,
No ato de sua canção
Donzela de satã
Agora queima desgraçada,
Queima na eternidade
Arde o seu traseiro
No fogo eternamente
Sofra a dor eterna
Filha lúcifer,
Herdeira da escuridão
Nota errada do soneto
Núcleo do furação,
E depois dos elogios
Cavalgadas quero dar
Com o chicote na mão,
E quando surrar o vento
Imaginando você
Quero ouvir o seu grito
Grita Kênia,
Agora estou feliz
Vejo as águas a correr
Choro triste de lembranças
Do nosso último dia,
,
Luciana
Lulú da minha vida
Como se fosse um jogo
Tivemos a última partida,
Até hoje meu bem
Sinto a água fria em mim
Arrepio o seu fim
Descendo nas profundezas,
Você deve ter visto
O quanto te procurei
Sei que você tentava
Dizer a mim onde estava,
Acho que sou
Ou fui muito pequeno para ti
Corri a tua procura,
Desci rio abaixo
Gritei alto seu nome
No infinito
O meu grito bradava,
Parecia que os peixes
Saiam ao meu encontro
Tentavam me socorrer
Jeito estranho de falar
Porém não conseguiam
Dizer o que queriam,
Seguiam numa direção
Do talvez,
Eu não podia ir
Devem ter alimentado
Cada pedaço de ti,
Levaram sua formosura
Filha da natureza
Nobreza da existência
De todos as flores
Você era a essência,
Como poderia
Um cacto
Nascido no deserto
Ser dono
De uma sublime flor
Nascida para ser
Apreciada por todos
No sentido da vida,
Sentimentos
Ocasiões
Hoje quero caçar
Ver bichos correrem
Quero atirar
Quero ver morrer
Lembra-se
Claro que sim
Meu doce encantado
Minha razão de sorrir,
Manuela
Voz de homem em donzela
Não posso te esquecer
Sua amizade e ódio,
Faz sorrir
Quem estiver a chorar
Faz cantar
A mais linda canção
Do fundo do coração,
Manuela
Bela Manú,
Deixe-me dividir
Esta alegria contigo
Deixe-me ser amigo
Esqueça o aborrecimento,
Minha Manuela querida
Descanse onde estiver
Não quero te ver sofrer
Pois você não merece,
Não sou mais do que um
Revestido de ilusão
Não sou um substituto
Não sou bruto,
Corri a vida inteira
Cacei pelo cerrado
Você sempre do mau lado
Minha Manuela,
Não quero ir
Antes que o sol se põe
Assim como você
Escondeu-se de mim,
Sei que não foi
Você a culpada
Naquela estrada,
Vida maldita
Maldita espingarda
Vi nos seus olhos
A dor atrás da fumaça,
Vendo o seu sangue
Como vinho jorrando
Seu corpo desfalecendo
Você murchava,
Gritei alto o seu nome
Sei que não escutava
Não sei onde sua alma
Estava se arranjando
Ou se ao redor de mim
Como um louco varrido
Vendo o seu corpo perdido
Rumo ao nada,
Não deu tempo amor
Como uma folha
Que estava limpa sujou,
No passado eu vivi
No presente eu sonhei
No futuro me perdi
E sempre te procurei,
Estas foram às palavras
Que você sempre falou
Quando me chamava
De amor,
Nair
Anjo adorado por mim
Foi triste o seu fim
Bem que tenho
Vontade de ver
Novamente a sorrir
Você,
Bruta
Fogo na carne
Quase insubstituível
Minha mulher,
Assim foi e sempre será
A forma que te vi
E pra sempre verei,
Nair
Musa de minas canções
Deusa pura da beleza
Minha nobreza
Conceito de eloqüência
Sorriso de ilusão
Vinha sempre correndo
Pros meus braços,
Sei que hoje
Nada posso fazer
Nada pode mudar
Nem mesmo no sonho
Odila
Onde está minha Odila
Odila querida
Princesa da minha festa
Do meu viver,
Ouço ainda hoje
No fundo lá do meu ser
Quero ter esta lembrança
Sempre roendo assim
Viva dentro de mim
Meu pouco de vida
Sempre bela como uma flor
Quanto te chamei de amor
Não posso te esquecer,
O tempo passou
Como um rato
Cavando o seu abrigo
Como vivi,
Pedrita menina tola
Mulher amor vaso de rosas
Olhos que choravam
Até quando amava
Lembra-se
Acho que onde estiver
Ainda chora sou um covarde
Ou um grande imbecil
Peço desculpas
Meu tiquinho de gente
Não preciso
Pra que deixar-me sofrer
Não chores eu não mereço
Derramar lágrimas por
mim
Sou muito pequeno
Nem uma gota sequer
Você sabe,
Quica o sol está ardente
Como você
Não vejo sombras,
Se eu fosse uma estrela
Distante a cintilar
Talvez lá eu estaria
Junto de te
Se estiver a minha espera
Lembra-se minha donzela
Das manhãs de primavera,
Agora velho tronco caído
Lábios frios e corpo cansado
Talvez nem gostaria
De dizer como dizia
Meu bem
Hoje não sou ninguém
Foi o que restou
Do cansaço e da dor,
Tina você e Umbilina
Vânia e Waltina
Xambioá e Zélia
Farei a vocês uma prece
Senhor zele delas por mim
Cuide de mim por elas
Faça-me feliz Senhor...
FIM
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