O ALFABETO
JOÃO RODRIGUES
Certo dia em sua casa, o menino Marquinho brincava com seus carrinhos e de repente dormiu. O sono profundo lhe conduziu à professora Eme, que o convidou a procurar as letras do alfabeto.
- Procurar as letras do alfabeto, professora!
- Sim Marquinho, é com as letras do alfabeto que se escreve o que falamos.
- E onde vamos encontrá-las?
- Na estrada do saber.
- Fica longe esta estrada, professora?
- Não, é aquela ali, ah! Lá está a letra “A”.
- Parece uma casinha.
- Bom dia “A”, como vai?
- Eu vou bem professora, e quem é este menino?
- É Marquinho, meu aluno.
- É um prazer Marquinho, eu sou “A”, a primeira letra do alfabeto.
- Igualmente “A”, você é muito bonita, olhe vem vindo alguém!
- Deve ser “B” - respondeu a Professora.
- “B” é a segunda letra “a”? - Indagou Marquinho.
- É Marquinho - respondeu “A” andando com o menino e a professora.
- Oi gente! Pra onde está indo? Perguntou “B”.
- Estamos indo com Marquinho “B” procurar as letras do alfabeto, quer dizer, procurar vocês - informou a professora Eme.
- Mas o Marquinho não conhece a gente?
- Não “B”, eu não conheço ninguém a não serem vocês duas.
- Então vamos procurar as demais letras pra você.
- Obrigado “B”.
“A” e “B” saíram com a professora e Marquinho, andando estrada afora em busca das outras letras.
- Professora, qual a próxima letra agora?
- É o “C” Marquinho, veja lá! Ela está em cima de uma árvore.
- Desça daí “C”! Precisamos falar com você - ordenou “A”.
“C” desceu da árvore e cumprimentou todos dizendo:
- Pra onde Vão assim com estas caras?
- Estamos procurando as letras do alfabeto para apresentá-las ao Marquinho.
- Oi Marquinho, eu sou o “C”, a terceira letra do alfabeto.
- Já me falaram “C”, e porque estava em cima da árvore?
- Olhando a floresta, você não gosta da floresta?
- Gosto. Eu adoro a floresta, mas não vou subir na árvore, é perigoso, eu posso cair!
Naquele momento alguém gritou...
- Ei gente! Espere por mim!...
Todos olharam assustados...
- Só podia ser você “D” - argumentou “A”.
- Para onde vocês estão indo assim com estas caras bonitas?
- Vamos procurar as letras do alfabeto para apresentá-las ao Marquinho - respondeu a professora Eme.
- Então vamos Marquinho, eu gostei muito de você!
- Eu também “D”, você é a quarta letra do alfabeto, não é?
- Sou Marquinho, como você sabe?
- Foi só um palpite.
- Mas acertou, isto é importante.
- Como é Marquinho, está gostando do passeio?
- Estou professora, é muito importante a floresta verde, as cachoeiras, os rios, as aves voando livres...
- Agora Marquinho, nós vamos atravessar o rio, num barco.
- Quem vai remar “B”?
- Eu ajudo Marquinho - interrompeu “C”.
- O barco leva todo mundo professora?
- Leva, mas temos que ter muito cuidado.
Marquinho morrendo de medo entrou no barco para atravessar o rio, mas quando ia ao meio do caminho...
- Volte gente! Eu também quero ir!
- Quem está gritando professora?
- Só pode ser “E” - respondeu “B”.
- Se quiser venha nadando “E” - ordenou “A”.
- Não “A”, nós não podemos fazer isso, nós devemos ser amigos, vamos voltar e apanhá-la.
- Está bem Marquinho, vamos voltar.
- Obrigada Marquinho, você é um menino muito bonito.
- De nada “E”, eu só fiz o que todos devem fazer.
- Mas não é assim que todos fazem Marquinho, são poucos os que pensam como você!
- Mas no futuro “E”, todos vão ter o mesmo pensamento e todos nós haveremos de viver felizes, uns ajudando os outros a solucionar os seus problemas.
- Estou gostando de te ouvir Marquinho, hoje você vai ganhar nota dez.
- E ser dispensado do para-casa, não é professora?
- Não é motivo pra isso Marquinho, para menino inteligente, não há dificuldade no dever de casa!
- Estou brincando professora, afinal de contas a gente não pode viver pensando só em coisas sérias, temos que brincar de vez em quando.
- Tudo bem, mas não com coisa séria. Estudo é uma coisa muito séria.
- Professora, mudando de assunto, quem vamos procurar agora?
- Eu - respondeu “F” em lugar da professora, segurando a proa do barco para ancorar no porto.
- Você - relatou Marquinho indagando:
- E quem é você?
- Sou “F”, a sexta letra do alfabeto.
- Vocês vão sujar os pés de barro, deixe-me colocar uma tábua pra vocês descerem.
- Obrigado “G”, você teve uma boa idéia.
Quando Marquinho descia do barco, segurando na mão de “G”, disse:
- “G”, por que se chama ”G”?
- Não sei Marquinho, todos nós temos nome para podermos nos separar entre os demais, pois eu estava ouvindo lhe chamarem de Marquinho, por isso já pude lhe chamar de Marquinho, e você me chamar de ”G”.
- “G”, você é a sétima letra do alfabeto, não é?
- Sou Marquinho.
- Por que você não é a primeira?
- Todos nós Marquinho, quando nascemos nos dão um nome e uma classificação, dependendo de nosso grupo. Por isso é que me chamo “g”, e sou a sétima do meu grupo.
- Vamos gente, andando e falando, pois o tempo está passando - argumentou a professora Eme subindo a rampa do porto e indo em direção a uma grande área gramada.
- Professora, que lindo gramado, pode andar nele? - indagou Marquinho.
- Podemos Marquinho, este gramado é natural!
- Quer dizer que ninguém o plantou?
- Não Marquinho, ele nasceu naturalmente, veja como está lindo!
- Cuidado com cobra nesta grama gente!
- Vamos ter cuidado, ”H” e o que está fazendo deitado aí? - Perguntou “A” com curiosidade.
- Só estou descansando um pouco...
- Está cansada do quê ”H”? - perguntou Marquinho.
- Sei lá menino, e quem é você?
- Este é o Marquinho, “H”! - Exclamou a professora Eme.
- É um prazer Marquinho, seja bem-vindo ao nosso lar.
- Que lar você se referiu “H”?
- Ela se referiu ao lugar que gostamos de brincar! - Exclamou “I”, levantando do meio do gramado.
- Vocês são muitas! Vejam quantas já têm. Fiquem aqui enfileiradas da mesma forma que as encontramos!
- O que quer com isso Marquinho? - Perguntou a professora.
- Só curiosidade professora, ou não posso?
- Pode, fique á vontade!
- Assim as letras se puseram uma ao lado da outra da forma que Marquinho as encontrou, porém ele disse:
- Vem “a,b,c,d,e,f,g,h e i”, professora, já acabaram?
- As que nós encontramos já, mas, ainda faltam muitas letras.
- E quantas são?
- São muitas, você vai ver.
- Vamos Marquinho, você não quer deixar a gente aqui parecendo soldados! - Exclamou “I” saindo da fileira.
- Desculpe “I”, eu só queria conhecê-las um pouco melhor.
- Vai ter tempo Marquinho, pra você conhecê-las.
- Ta bom professora, então vamos.
E a viagem continuou...
- Que lugar estranho professora, está tudo queimando!
- É a nossa roça Marquinho - informou “J” saindo detrás de umas árvores caídas no chão, derrubadas pelo fogo.
- Como sabe o meu nome letra malvada, letra destruidora da natureza!
- Ouvi lhe chamarem de Marquinho, e eu não sou nenhuma letra malvada, sou a letra “J”.
- Peça desculpa a ela Marquinho, ninguém pode ser assim, tem que saber o motivo pra poder julgar.
- Mas, diante de tanta cinza, a senhora ainda quer motivo professora!
- Elas puseram fogo no mato pra poder plantar milho, feijão, arroz, batata etc.
- Vem vindo um furacão!
- Corram amigos, que “K” avisou do perigo - alertou “B”.
Marquinho olhou pro lado que veio o grito e avistou”K” correndo e trazendo outra letra nas costas. No céu já formava uma grande nuvem de cinza que o furacão vinha arrastando.
- Venha Marquinho! - Argumentou a professora apanhando-o e correndo para o abrigo, junto com as letras.
Logo passou o furacão e todos saíram do abrigo sorrindo de alegria por nada ter acontecido. Enquanto isso Marquinho disse:
- “K”, quem foi que você trouxe?
- Fui eu - respondeu “L” cumprimentando Marquinho.
- O que você tem “L”?
- Nós brigamos - respondeu “M”, que vinha chegando montada num pônei.
Naquele instante, Marquinho, ao ver o pônei, ficou delirando de alegria e disse:
- Que cavalinho engraçado, deixe-me montar “M”?
- Ele não é meu, é de “N”, só ela pode deixar!
- E onde está “N”?
- Lá em casa.
- Então é bom que vamos pra lá todo mundo. Já é hora do almoço!
- Almoço! Vocês também comem, “C”?
- Comemos Marquinho, nós somos letras de verdade aqui no nosso mundo, mas lá no seu, nós somos letras do alfabeto que vocês escrevem o que falam.
- Então nós estamos em outro mundo “D”?
- Sim, estamos no mundo da sabedoria. Aqui a gente come, brinca, dorme, sonha, e somos livres!
E logo entraram na casa. Marquinho só queria saber quem era “N”.
- “N”, quem é você?
Saindo de dentro da mágica casinha, “N” disse:
- Pois não menino, quem é você?
- Sou o Marquinho e gostaria que me emprestasse o seu pônei. Quero dar uma volta.
- Tudo bem Marquinho, vá, mas leve “O” com você.
- Então vamos “O”.
Marquinho montou no pônei e “O” saiu puxando para ele. Logo depois de uma grande passeada pela floresta, chegaram junto com “P”, que estava apanhando lenha pra acender o fogão.
- Entre pra cá Marquinho, o almoço está pronto.
- Afinal, quem é você que já sabe até meu nome?
- Eu sou “Q” marquinho, foi “E” quem me disse o seu nome!
- Professora, foi muito bom o passeio de pônei.
- É isso aí Marquinho, a gente tem mesmo é que desfrutar das oportunidades na vida.
“R”, venha conhecer Marquinho - chamou a professora Eme.
- Oi Marquinho, você é muito bonito!
- Que nada “R”, não sei onde você está vendo tanta beleza!
- Ei morador!...
- Está chamando lá fora - argumentou “J”.
- Vá ver que é “P”.
- Deixe que eu vou “H” - argumentou “A”.
Naquele momento, entrou dentro da casa a letra “s” com a roupa rasgada...
- O que foi “s”? Indagou “c”.
- Eu caí do cavalo.
- Coitada! - Exclamou marquinho.
- Que menino é este, fique, está com pena de mim?
- Ele é Marquinho “S”. O meu aluno informou a professora.
- Obrigada marquinho por se preocupar comigo.
- De nada “s”, e o cavalo onde está?
- “T” foi ver se conseguia pega-lo.
Enquanto marquinho conversava com “s” e as demais letras...
- “S”, venha ver seu cavalo. Gritou “t” que acabava de chegar.
- Deixe-me ir com você “s”, eu adoro cavalos. Pediu marquinho.
- Está ai seu cavalo doido “s”!
- Obrigado “t”. Quem lhe ajudou pega-lo?
- Fui eu. Argumentou “u”.
- E eu também. Interrompeu “v”.
- Bonito seu cavalo “s”, posso dar uma volta?
- Não marquinho, ele é muito perigoso. Retrucou a professora.
- Então eu quero ir embora pra minha casa.
- Ainda não conhecemos todas as letras.
- Mas, onde elas estão?
- Foram caçar, e só voltam a noite informou “i”.
Depois do almoço todos foram dormir. Marquinho aproveitou o cochilo da professora e saiu de mansinho. Montou no cavalo de “s” e saiu estrada afora.
- Vamos cavalo, eu sempre tive vontade de andar a cavalo pela floresta.
Não sabia Marquinho o perigo que estava correndo.
- Devagar amigão - Argumentou Marquinho, quando o cavalo começou a correr.
- Devagar! Devagar!
Mas de nada adiantou, o cavalo disparou e Marquinho perdeu o controle, acabando por cair sobre a relva...
- Volte aqui seu cavalo doido, volte!...
Marquinho gritava e chorava lá no meio da floresta, sem ninguém do seu lado.
- Pra que fui apanhar este monstro - lamentava Marquinho, perdido no mato.
O sol já se punha no horizonte, a professora e as demais letras desesperadas procuravam por Marquinho, mas só encontraram o cavalo, assim a tristeza invadia o coração de cada uma, pois onde estaria o Marquinho...
- Ei gente, eu quero minha professora!
Gritava Marquinho, já perdido na escuridão.
Naquele instante Marquinho avistou uma luz. Os seus olhos se encheram de lágrimas e o coração de esperança, e disse:
- Venha cá luz, não me deixe na escuridão.
A luz se aproximou e disse:
- Quem é você e o que quer?
- Eu sou Marquinho, um aluno da professora Eme.
- Ah! Já ouvi falar de você, o que está fazendo aqui a essa hora?
- Foi o cavalo de “S”.
- O cavalo de “S”, então você conhece “S”?
- Conheço, ela é minha amiga.
- Então quero ser sua amiga também.
- Por que, quem é você?
- Sou “W”. Uma das letras do alfabeto!
Naquele momento Marquinho abraçou “W” e disse:
- Minha querida “W”, eu gosto de você.
- Quem esta aí com você “W”?
- É o Marquinho “X”.
- Um aluno da professora Eme?
- Sim, “X” sou um aluno fujão.
- Não fique triste Marquinho, vamos pra casa.
Marquinho mais aliviado saiu andando com “w” e “x” que chegaram na estrada onde “Y” estava esperando.
- Que menino é este? Onde o encontraram? - Sou Marquinho “Y”, um aluno da professora Eme.
- Está passeado, Marquinho? - Indagou “Y”.
- Sim, eu e a professora viemos procurar vocês, eu queria conhecê-las.
- Esperem gente!
- Vamos “Z”, por que foi que demorou? - Perguntou “W”.
- Estas caças estão muito pesadas.
- Deixe-me lhe ajudar - prontificou Marquinho.
- Você! E quem é você?
- Ele é Marquinho, “Z”! - exclamou “W”.
- Ah! Mais um aluno da professora Eme.
- Sim “Z”, mais um - Confirmou Marquinho.
- Um prazer Marquinho, eu sou a última letra do alfabeto.
- Você é a última? Oba! Então acabou?
- Certo Marquinho, acabou e vamos embora - respondeu a professora que vinha chegando a meio a escuridão.
Marquinho abraçou a professora e disse:
- Perdão professora, eu sei que errei.
- Tudo bem Marquinho, está tudo bem, vamos...
Assim todos foram para a casa das letras. E no dia seguinte depois do café, foi a despedida.
- Quero todas as letras ao lado uma das outras, para uma foto de recordação.
- Então venha “A,B,C,D,E,F,G,H, I,J,K,L,M,N,O,P,Q,R,S,T,U,W,X,Y,Z. Pode bater a foto Marquinho, está formado o alfabeto! - exclamou a professora.
- É festa aqui hoje?
- Escritor João Rodrigues! Seja bem vindo à nossa festa!
Todos riram tão alto que acabaram acordando Marquinho junto aos seus carrinhos em sua casa...
FIM
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