sexta-feira, 28 de abril de 2023

Foram Presidentes João Rodrigues

 FORAM PRESIDENTES

 

JOÃO RODRIGUES

 

            - Professora! Professora...

            - Fique quieto Marquinho, não vai acontecer nada de ruim.

            - Estou com medo desta coisa.

            - Não chame a minha máquina do tempo de coisa.

            - Máquina do tempo?

            - Sim, Marquinho. Vamos entrar nela e voltarmos ao passado.

            - Mas como vamos voltar ao passado?

            - Vamos estudar um pouco de história.

            - O que vamos estudar de história.

            - Vamos conhecer os presidentes.

            - Os presidentes! Quais os presidentes?

            - Todos que o Brasil já teve, desde a sua independência...

            Marquinho e sua professora Eme, é claro; entraram na tal máquina do tempo, e foram para o passado...

            - Que homem barbudo professora! Será que neste tempo ainda não tinham descoberto...     

- Olha o respeito Marquinho. Aquele é o nosso primeiro presidente.

            - Vamos falar com ele?

            - Parece que ele está ocupado.

            - Está recebendo uma faixa professora.           

            - É a faixa de presidente.

            E Marquinho foi até o local onde estava o presidente e disse:

            - Olá senhor presidente, eu sou o Marquinho, posso saber o seu nome?

            - Sim Marquinho, eu sou o Marechal Deodoro da Fonseca, o primeiro presidente do Brasil.

            - E exatamente hoje, 15 de novembro de 1889 - argumentou a professora Eme.

            - Professora Eme, que bom ter trazido Marquinho para comemorar a minha posse.

            - Até quando o senhor vai ficar no poder?

            - Fui eleito...

            - Deixe que ele veja senhor presidente - argumentou a professora.

            - Mas como professora?

            - Na nossa máquina do tempo.

            Marquinho entrou na máquina, e a professora disse:

            - Veja o calendário Marquinho, pois vamos seguir o presidente até o seu último dia de mandato.

            - Combinado professora...

            E em poucos segundos a poderosa máquina parou, e disse:

            - Dia 23 de novembro de 1891, o último dia do mandato do Marechal Deodoro da Fonseca.

            - Olhe professora, ele está passando a faixa para outro.

            - Vamos ver de perto Marquinho.

            - Vamos, eu quero falar com o presidente.

            Antes, porém de Marquinho chegar perto do presidente, alguém falou:

            - Venha cá Marquinho!

            - Senhor presidente...

            - Não Marquinho, eu não sou mais o presidente, agora é ele...

            E na grande festa no palácio, o presidente vinha andando pelo salão e logo foi abordado por Marquinho.

            - Senhor presidente...

            - Você é Marquinho, o aluno da professora Eme?

            - Isso mesmo, como o senhor sabe?     

- Vi quando vocês chegaram na máquina do tempo.

            - Qual é o nome do senhor?

            - Marechal Floriano Peixoto...

            - Já falou com o presidente Marquinho?

            - Ele se foi professora.

            - Então vamos.

            - Pra onde?

            - Para o futuro, conhecermos o novo presidente.

            - Vamos professora, como será o nome dele?!

            Em poucos segundos a fantástica máquina do tempo aportou novamente no palácio.

            - Que dia é hoje Marquinho?

            - 15 de novembro de 1894 - respondeu a máquina em lugar de Marquinho.

            - Obrigado máquina.

            - De nada Marquinho, e seja breve.

            Era grande a multidão no palácio, os seguranças impediram que Marquinho visse o presidente.

            - Mas teria jeito de pelo menos saber o nome dele?  

- Doutor prudente de Morais.

            - Obrigado moço - argumentou Marquinho meio triste, voltando pra máquina.

            - Não fique triste Marquinho...

            - Sim professora, vamos para o futuro.

            - 10 de novembro de 1896.

            - Já máquina!

            - Sim Marquinho, e é a posse do doutor Manuel Vitorino.

            - Manoel Vitorino, nem quero conhecê-lo.

            - Então vamos máquina - ordenou a professora.

            - Sim, pronto, já chegamos, é a reeleição do doutor Prudente de Morais.

            - E que dia é hoje?

            - 4 de março de 1897 professora.

            - Então vamos continuar a viagem.

            - Pois não, estamos em 15 de novembro de 1898, é a posse do doutor M.F. de Campos Sales.

            - Não gostei desta comemoração professora, pode ordenar a máquina para seguir viagem no tempo.

            - Vamos máquina!

            - vamos professora, se prepare marquinho, vamos atravessar o século.   - Professora, a temperatura está aumentando, o que será?

            Antes de a professora responder ao aluno, a máquina disse:

            - Estamos no dia 15 de novembro de 1902, é festa no palácio, estão comemorando a posse do doutor F. Dep. Rodrigues Alves.

            - Este eu quero conhecer de perto.

            - Impossível Marquinho, já estamos de viagem novamente. Opa! Dia 15 de novembro de 1906, posse do doutor Afonso A.M.Pena, presidente do Brasil.

            - Professora, a máquina parece estar com defeito.

            - Isso mesmo, dia 14 de junho de 1909, posse do doutor Nilo Peçanha, o presidente do Brasil.

            - Saia de dentro desta coisa professora!

            - Não consigo abrir a porta.

            - Fiquem calmos, hoje é dia 15 de novembro de 1910, e é a posse do Marechal Hermes da Fonseca.

            - Você tem um alicate Marquinho?

            - Não professora, não tenho nada...

            - Dia 15 de novembro de 1914, posse do doutor Wenceslau Braz, o presidente do Brasil.

            - Pare! Sua máquina idiota, eu quero falar com os presidentes.

            - Fique calmo Marquinho, hoje é um lindo dia, veja no calendário, 15 de novembro de 1918, festejam a posse do doutor Delfim Moreira.

            - Ele é o novo presidente?

            - Isso mesmo, mas agora já é 28 de julho de 1919, doutor Epitácio Pessoa está assumindo o cargo.

            - Gostaria de falar com algum presidente máquina.

            - Qual deles, este que está tomando posse hoje, 15 de novembro de 1922, o doutor Arthur da S. Bernardes.

            - Agora é tarde, já estamos em 15 de novembro de 1926, é a posse do doutor Washington Luiz, o presidente do Brasil.

            Inesperadamente a máquina parou...

            - Que dia é hoje professora?

            - 3 de novembro de 1930.

            - Há uma festa no palácio.

            - Vamos ver o que é?

            - Veja professora, um homem recebendo a faixa.

            - Para onde vão?     - Olá moço, eu sou Marquinho, e esta é minha professora.

            - Eu sou um guarda do palácio.

            - Estou vendo seu guarda, nós podemos ver a comemoração?

            - E aquela coisa ali?

            - É a máquina do tempo, viemos nela.

            - Vieram de onde.

            - Do futuro e do passado, viemos ver os presidentes.

            - Ah! Então podem ir.

            Assim Marquinho e a professora Eme, entraram no palácio e foram ao encontro do presidente.

            - Olá senhor presidente, somos do futuro e viemos de volta ao passado para conhecermos os presidentes do Brasil.

            - Que bom, vocês vieram do futuro?

            - Sim, quer dizer, viemos. Porém ainda não chegamos no presente.

            - Estou entendendo vocês, ainda são depois de mim.

            - Sim, qual é o nome do senhor?

            - Sou o doutor Getúlio Vargas.

            - Marquinho, vamos nos despedir do presidente, é hora de irmos.

            - E se a máquina não funcionar?

            - Vai funcionar, vamos.

            - Adeus presidente...

            - Não se despede de um presidente assim Marquinho.

            - Como professora?

            - Deve falar sua excelência.

            - Da próxima vez, eu prometo falar professora.

            De volta a maravilhosa máquina, a professora e o seu aluno retomaram a viagem.

            - Nem perguntei o nome do guarda.

            - Marquinho, tome cuidado com o calendário, que vamos mais depressa.

            - Pode deixar comigo professora.

            E logo Marquinho falou:

            - Uau! 3 de outubro de 1945, quanto tempo!

            - Passamos por um período de ditadura - argumentou a máquina.

            - Você estava calada máquina?

            - Sim, na ditadura não se pode falar Marquinho.

            - E quem está recebendo a faixa?

            - É o doutor José Linhares.

            - Não quero assistir a comemoração dele professora.

            - Seguimos então máquina.

            - Máquina obedecendo...

            Marquinho cansado da viagem se deitou no colo da professora e disse:

            - Vou dormir um pouco.

            - Não Marquinho, estamos em 31 de agosto de 1946, e é a posse do Marechal E. Gaspar Dutra.

            - Gaspar Dutra - argumentou Marquinho meio sonolento.

            - Continue máquina - argumentou a professora.

            - Pois não, estamos a 31 de janeiro de 1951, é posse do doutor Getúlio Vargas, o presidente do Brasil.

            - Novamente - argumentou Marquinho assustado, dizendo:

            - Um ditador, eu quero falar com ele.

            - Já passamos, não podemos voltar atrás.

            - Eu queria falar com ele.

            - Falar o que Marquinho?

            - Não sei, deixe pra lá.

            - 24 de agosto de 1954 é posse do doutor João Café Filho.

            - Ainda bem que o ditador desta vez não ficou muito tempo no poder.

            - 9 de novembro de 1955.

            - Já é a posse de quem máquina?

            - Doutor Carlos Luz, é o novo presidente do Brasil.

            - 11 de novembro de 1955.

            - O quê! Dois dias!

            - Está tomando posse o doutor Nereu Ramos, o presidente do Brasil.

            - Tem coisa errada professora.

            - Parece Marquinho, mas não viemos aqui pra saber estas coisas.

            - Há sei, entendo professora.

            - Ótimo Marquinho, já estamos em 31 de janeiro de 1956, é a posse do doutor Juscelino Kubitschek, o presidente do Brasil.

            - Parece um bom homem, veja no visor da máquina Marquinho.

            - Vamos falar com ele?

            - Vamos Marquinho - argumentou a professora.

            Deixaram a máquina na portaria do palácio e se foram.

            - Olá seu guarda, eu e a professora estamos vindo do passado, com rumo ao presente a fim de conhecermos os presidentes da república.

            - Veja o que você disse Marquinho?     

- Sim professora, presidente da república federativa do Brasil.

            E no sonho Marquinho, e a professora chegaram até o presidente.

            - Senhor presidente, podemos falar-lhe um pouco?

            - Fui eleito presidente para atender o meu povo, o que desejam?

            - Obrigado presidente, o que disse é o bastante.

            - O que foi  Marquinho, deixou o presidente falando às paredes?

            - Achei ele muito demagogo professora.

            - Mas não devia ter feito o que fez. Hoje você vai ter uma péssima nota.

            - Não importo professora, mas a questão de ponto de vista é uma coisa que devemos considerar até mesmo para podermos diferenciar.

            A professora meio triste com o comportamento do seu aluno voltou à máquina e disse:

            - Vamos máquina, agora não vamos falar com presidentes nenhum, só observarmos as suas posses.

            - Entendido, entendido...

            E segundos depois...

            - Para onde está indo máquina?

            - Para a posse do doutor P. Ranieri Mazzili.

            - Que dia é hoje?

            - 4 de agosto de 1960.

            - Mas Juscelino ainda é o presidente?

            - Isso mesmo, 12 de agosto de 1960, ele voltou.

            - E agora, o que está acontecendo?

            - 31 de janeiro de 1961, posse do doutor Jânio Quadros,  presidente do Brasil.

            - E agora?

            - 25 de agosto de 1961, voltou o doutor P. Ranieri Mazzili.

            - Sim, 7 de setembro de 1961, quem é ele?

            - Doutor João B.M. Goulart, é o novo presidente do Brasil.

            - 1 de abril de 1964, quem está descendo a rampa?

            - É novamente o doutor P. Ranieri Mazzili.

            - Estranho professora, esse homem deve ter alguma coisa errada com ele.

            - Não tem nada não Marquinho, veja.

            - 15 de abril de 1964, está descendo a rampa o Marechal H.A. Castelo Branco.

            - Ah! Entendi o porquê de aquele presidente ficar vai e vem.

            - Entendeu o que Marquinho?

            - Não adianta falar nada mesmo...

            - Já estamos em 15 de março de 1967, está empossando o novo presidente, o Marechal Arthur Costa e Silva.

            - Eu gostaria de falar com ele, será possível máquina?

            - É claro marquinho.

            - O que quer falar com ele Marquinho?

            - Ah! Esqueci-me que a senhora estava com raiva de mim, vamos embora máquina, não vou mais falar com o presidente.

            - Pois não, obedeceu a máquina.

            - Você está muito rebelde, não é assim que um bom aluno deve se comportar.

            - Sei o que quer dizer professora, a senhora vai trazer da próxima vez outro aluno.

            - Sim, vou trazer mesmo.

            - 30 de outubro de 1969, está sendo empossado o Marechal Emílio Garrastazu Médici.

            - Quem professora, a senhora irá trazer na próxima vez?

            - Lina, eu vou trazer ela na próxima vez.

            - Só podia ser ela mesma, a senhora não agarra do meu pé, vai trazer a minha irmã, só pra não ficar longe de mim, eu sei.

            - Você está muito atrevido Marquinho...

            - 15 de março de 1974, está tomando posse o presidente do Brasil, Marechal Ernesto Geisel.

            - Atrevido não professora, a máquina só está que fala e a senhora nem se quer presta atenção.

            - Marquinho, você vai ficar de castigo. Pode se ajoelhar no canto da máquina.

            - Ficou louca professora, não existe isto mais não, esta coisa de castigo é coisa do passado, agora é jogo duro, respeito para ser respeitado, seja amigo do amigo, não engane ao ser enganado, seja...

            - Onde você aprendeu isso?

            - Li no livro do escritor João Rodrigues.

            - Enquanto a professora Eme tentava chegar em um acordo com o Marquinho, a máquina do tempo continuava:

            - 15 de março de 1979, está descendo a rampa do palácio, o Marechal João Batista O. Figueiredo.

            - Veja o tempo Marquinho, está mudando.

            - Vamos acertar nossas contas professora.

            - Cale a boca Marquinho! Eu disse castigo e pronto, você está de castigo.

            - Está bem professora, mas saiba que está fazendo uma coisa errada.

            - Onde você já ouviu falar que professora não pode colocar aluno de castigo?

            - 15 de março de 1986, está tomando posse o doutor José Sarney.

            - Quando fui criada por minha mãe.

            - Estamos em 15 de março de 1990.

            - Nossa! Sua mãe deveria ser muito exigente.

            - E é a posse de Fernando Collor de Melo o presidente do Brasil.

            - Deveria não Marquinho, ela ainda está viva, eu não sou tão velha assim...

            - 29 de dezembro de 1992, e é a posse de Itamar Augusto Cautiero Franco, o presidente do Brasil.

            - Não foi a minha intenção de chamar a senhora de velha Professora, é que a senhora nunca me falou da sua mãe.

            - Já estamos em 01 de janeiro de 1995 e é a posse de Fernando Henrique Cardoso o presidente do Brasil.

            - O nome dela é Liva.

            - Parecido com o nome da minha irmã.

            - O que foi o que está acontecendo com a máquina Marquinho?

            - Não sei, ela está voando.

            - Para onde estamos indo máquina maluca?

            A máquina sumiu no espaço, e de repente começou a se despencar.

            - Professora, desconfio que estamos caindo.

            - Isso mesmo, estamos caindo.

            - Posso sair do castigo?

            - Pode, venha cá e ponha o cinto de segurança.

            Em poucos minutos, a máquina pousou lentamente.

            - Professora! É um lugar lindo.

            A professora saiu da máquina e surpresa disse:

            - Escritor João Rodrigues, o que está fazendo aqui?

            - Esta máquina é minha invenção, assim como vocês também são meus personagens. Só quis lhes conduzir ao passado, para que Marquinho conhecesse de perto os presidentes.

            - E já acabaram João Rodrigues?

            - Não Marquinho, mas agora vamos em meu carro assistir a posse de nosso atual presidente.

            - E que dia é hoje João Rodrigues?

            - 1 de janeiro de 2003.

            - Viajamos o século vinte inteiro professora!

            - Foi muito bom ter feito esta viagem com você e a máquina do tempo Marquinho.

            - Eu também gostei professora.

            - Vamos Marquinho, entre.

            - Que lugar lindo escritor!

            - Este é o palácio do presidente da república e vamos até ele.

            E ao chegar perto do presidente, Marquinho disse:

            - Senhor presidente, eu gostaria de saber o seu nome?

            - Olá Marquinho! Você fez uma boa viagem?

            - Fiz senhor presidente, e como sabe que estive viajando?

            - O seu criador me contou a história, e eu sou Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do Brasil.

            - A viagem foi boa senhor presidente, foi mais de cem anos de emoção.

            - Ótimo Marquinho, fique à vontade.

            O presidente continuou recebendo seus convidados, e Marquinho junto com a sua professora e o escritor foram servidos...

            - João Rodrigues, foram só estes que vimos no passado, que foram presidentes do Brasil?

            - Não Marquinho, na verdade apareceram outros que se omitiu com o passar da década. Alguns morreram antes de descerem a rampa do planalto. Um dos quais eu posso relatar-lhe foi o doutor Tancredo Neves, presidente do Brasil.

            - Compreendo escritor, então sinto ué o que eu precisava saber, já sei.

            - Isso mesmo, e todos os seus amiguinhos irão saber.

            - Como irão saber?

            - Eu escrevi o livro “Marquinho e os presidentes”.

            - Então vamos brindar ao novo livro.     

E quando brindavam ao novo livro, um copo caiu da mão da professora Eme, com o choque Marquinho acabou acordando em sua casa.

            - Não professora, não podia...

            E depois dormiu novamente, mas deve está em outro sonho do saber...

 

Fim

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