FORAM PRESIDENTES
JOÃO RODRIGUES
- Professora! Professora...
- Fique quieto Marquinho, não vai acontecer nada de ruim.
- Estou com medo desta coisa.
- Não chame a minha máquina do tempo de coisa.
- Máquina do tempo?
- Sim, Marquinho. Vamos entrar nela e voltarmos ao passado.
- Mas como vamos voltar ao passado?
- Vamos estudar um pouco de história.
- O que vamos estudar de história.
- Vamos conhecer os presidentes.
- Os presidentes! Quais os presidentes?
- Todos que o Brasil já teve, desde a sua independência...
Marquinho e sua professora Eme, é claro; entraram na tal máquina do tempo, e foram para o passado...
- Que homem barbudo professora! Será que neste tempo ainda não tinham descoberto...
- Olha o respeito Marquinho. Aquele é o nosso primeiro presidente.
- Vamos falar com ele?
- Parece que ele está ocupado.
- Está recebendo uma faixa professora.
- É a faixa de presidente.
E Marquinho foi até o local onde estava o presidente e disse:
- Olá senhor presidente, eu sou o Marquinho, posso saber o seu nome?
- Sim Marquinho, eu sou o Marechal Deodoro da Fonseca, o primeiro presidente do Brasil.
- E exatamente hoje, 15 de novembro de 1889 - argumentou a professora Eme.
- Professora Eme, que bom ter trazido Marquinho para comemorar a minha posse.
- Até quando o senhor vai ficar no poder?
- Fui eleito...
- Deixe que ele veja senhor presidente - argumentou a professora.
- Mas como professora?
- Na nossa máquina do tempo.
Marquinho entrou na máquina, e a professora disse:
- Veja o calendário Marquinho, pois vamos seguir o presidente até o seu último dia de mandato.
- Combinado professora...
E em poucos segundos a poderosa máquina parou, e disse:
- Dia 23 de novembro de 1891, o último dia do mandato do Marechal Deodoro da Fonseca.
- Olhe professora, ele está passando a faixa para outro.
- Vamos ver de perto Marquinho.
- Vamos, eu quero falar com o presidente.
Antes, porém de Marquinho chegar perto do presidente, alguém falou:
- Venha cá Marquinho!
- Senhor presidente...
- Não Marquinho, eu não sou mais o presidente, agora é ele...
E na grande festa no palácio, o presidente vinha andando pelo salão e logo foi abordado por Marquinho.
- Senhor presidente...
- Você é Marquinho, o aluno da professora Eme?
- Isso mesmo, como o senhor sabe?
- Vi quando vocês chegaram na máquina do tempo.
- Qual é o nome do senhor?
- Marechal Floriano Peixoto...
- Já falou com o presidente Marquinho?
- Ele se foi professora.
- Então vamos.
- Pra onde?
- Para o futuro, conhecermos o novo presidente.
- Vamos professora, como será o nome dele?!
Em poucos segundos a fantástica máquina do tempo aportou novamente no palácio.
- Que dia é hoje Marquinho?
- 15 de novembro de 1894 - respondeu a máquina em lugar de Marquinho.
- Obrigado máquina.
- De nada Marquinho, e seja breve.
Era grande a multidão no palácio, os seguranças impediram que Marquinho visse o presidente.
- Mas teria jeito de pelo menos saber o nome dele?
- Doutor prudente de Morais.
- Obrigado moço - argumentou Marquinho meio triste, voltando pra máquina.
- Não fique triste Marquinho...
- Sim professora, vamos para o futuro.
- 10 de novembro de 1896.
- Já máquina!
- Sim Marquinho, e é a posse do doutor Manuel Vitorino.
- Manoel Vitorino, nem quero conhecê-lo.
- Então vamos máquina - ordenou a professora.
- Sim, pronto, já chegamos, é a reeleição do doutor Prudente de Morais.
- E que dia é hoje?
- 4 de março de 1897 professora.
- Então vamos continuar a viagem.
- Pois não, estamos em 15 de novembro de 1898, é a posse do doutor M.F. de Campos Sales.
- Não gostei desta comemoração professora, pode ordenar a máquina para seguir viagem no tempo.
- Vamos máquina!
- vamos professora, se prepare marquinho, vamos atravessar o século. - Professora, a temperatura está aumentando, o que será?
Antes de a professora responder ao aluno, a máquina disse:
- Estamos no dia 15 de novembro de 1902, é festa no palácio, estão comemorando a posse do doutor F. Dep. Rodrigues Alves.
- Este eu quero conhecer de perto.
- Impossível Marquinho, já estamos de viagem novamente. Opa! Dia 15 de novembro de 1906, posse do doutor Afonso A.M.Pena, presidente do Brasil.
- Professora, a máquina parece estar com defeito.
- Isso mesmo, dia 14 de junho de 1909, posse do doutor Nilo Peçanha, o presidente do Brasil.
- Saia de dentro desta coisa professora!
- Não consigo abrir a porta.
- Fiquem calmos, hoje é dia 15 de novembro de 1910, e é a posse do Marechal Hermes da Fonseca.
- Você tem um alicate Marquinho?
- Não professora, não tenho nada...
- Dia 15 de novembro de 1914, posse do doutor Wenceslau Braz, o presidente do Brasil.
- Pare! Sua máquina idiota, eu quero falar com os presidentes.
- Fique calmo Marquinho, hoje é um lindo dia, veja no calendário, 15 de novembro de 1918, festejam a posse do doutor Delfim Moreira.
- Ele é o novo presidente?
- Isso mesmo, mas agora já é 28 de julho de 1919, doutor Epitácio Pessoa está assumindo o cargo.
- Gostaria de falar com algum presidente máquina.
- Qual deles, este que está tomando posse hoje, 15 de novembro de 1922, o doutor Arthur da S. Bernardes.
- Agora é tarde, já estamos em 15 de novembro de 1926, é a posse do doutor Washington Luiz, o presidente do Brasil.
Inesperadamente a máquina parou...
- Que dia é hoje professora?
- 3 de novembro de 1930.
- Há uma festa no palácio.
- Vamos ver o que é?
- Veja professora, um homem recebendo a faixa.
- Para onde vão? - Olá moço, eu sou Marquinho, e esta é minha professora.
- Eu sou um guarda do palácio.
- Estou vendo seu guarda, nós podemos ver a comemoração?
- E aquela coisa ali?
- É a máquina do tempo, viemos nela.
- Vieram de onde.
- Do futuro e do passado, viemos ver os presidentes.
- Ah! Então podem ir.
Assim Marquinho e a professora Eme, entraram no palácio e foram ao encontro do presidente.
- Olá senhor presidente, somos do futuro e viemos de volta ao passado para conhecermos os presidentes do Brasil.
- Que bom, vocês vieram do futuro?
- Sim, quer dizer, viemos. Porém ainda não chegamos no presente.
- Estou entendendo vocês, ainda são depois de mim.
- Sim, qual é o nome do senhor?
- Sou o doutor Getúlio Vargas.
- Marquinho, vamos nos despedir do presidente, é hora de irmos.
- E se a máquina não funcionar?
- Vai funcionar, vamos.
- Adeus presidente...
- Não se despede de um presidente assim Marquinho.
- Como professora?
- Deve falar sua excelência.
- Da próxima vez, eu prometo falar professora.
De volta a maravilhosa máquina, a professora e o seu aluno retomaram a viagem.
- Nem perguntei o nome do guarda.
- Marquinho, tome cuidado com o calendário, que vamos mais depressa.
- Pode deixar comigo professora.
E logo Marquinho falou:
- Uau! 3 de outubro de 1945, quanto tempo!
- Passamos por um período de ditadura - argumentou a máquina.
- Você estava calada máquina?
- Sim, na ditadura não se pode falar Marquinho.
- E quem está recebendo a faixa?
- É o doutor José Linhares.
- Não quero assistir a comemoração dele professora.
- Seguimos então máquina.
- Máquina obedecendo...
Marquinho cansado da viagem se deitou no colo da professora e disse:
- Vou dormir um pouco.
- Não Marquinho, estamos em 31 de agosto de 1946, e é a posse do Marechal E. Gaspar Dutra.
- Gaspar Dutra - argumentou Marquinho meio sonolento.
- Continue máquina - argumentou a professora.
- Pois não, estamos a 31 de janeiro de 1951, é posse do doutor Getúlio Vargas, o presidente do Brasil.
- Novamente - argumentou Marquinho assustado, dizendo:
- Um ditador, eu quero falar com ele.
- Já passamos, não podemos voltar atrás.
- Eu queria falar com ele.
- Falar o que Marquinho?
- Não sei, deixe pra lá.
- 24 de agosto de 1954 é posse do doutor João Café Filho.
- Ainda bem que o ditador desta vez não ficou muito tempo no poder.
- 9 de novembro de 1955.
- Já é a posse de quem máquina?
- Doutor Carlos Luz, é o novo presidente do Brasil.
- 11 de novembro de 1955.
- O quê! Dois dias!
- Está tomando posse o doutor Nereu Ramos, o presidente do Brasil.
- Tem coisa errada professora.
- Parece Marquinho, mas não viemos aqui pra saber estas coisas.
- Há sei, entendo professora.
- Ótimo Marquinho, já estamos em 31 de janeiro de 1956, é a posse do doutor Juscelino Kubitschek, o presidente do Brasil.
- Parece um bom homem, veja no visor da máquina Marquinho.
- Vamos falar com ele?
- Vamos Marquinho - argumentou a professora.
Deixaram a máquina na portaria do palácio e se foram.
- Olá seu guarda, eu e a professora estamos vindo do passado, com rumo ao presente a fim de conhecermos os presidentes da república.
- Veja o que você disse Marquinho?
- Sim professora, presidente da república federativa do Brasil.
E no sonho Marquinho, e a professora chegaram até o presidente.
- Senhor presidente, podemos falar-lhe um pouco?
- Fui eleito presidente para atender o meu povo, o que desejam?
- Obrigado presidente, o que disse é o bastante.
- O que foi Marquinho, deixou o presidente falando às paredes?
- Achei ele muito demagogo professora.
- Mas não devia ter feito o que fez. Hoje você vai ter uma péssima nota.
- Não importo professora, mas a questão de ponto de vista é uma coisa que devemos considerar até mesmo para podermos diferenciar.
A professora meio triste com o comportamento do seu aluno voltou à máquina e disse:
- Vamos máquina, agora não vamos falar com presidentes nenhum, só observarmos as suas posses.
- Entendido, entendido...
E segundos depois...
- Para onde está indo máquina?
- Para a posse do doutor P. Ranieri Mazzili.
- Que dia é hoje?
- 4 de agosto de 1960.
- Mas Juscelino ainda é o presidente?
- Isso mesmo, 12 de agosto de 1960, ele voltou.
- E agora, o que está acontecendo?
- 31 de janeiro de 1961, posse do doutor Jânio Quadros, presidente do Brasil.
- E agora?
- 25 de agosto de 1961, voltou o doutor P. Ranieri Mazzili.
- Sim, 7 de setembro de 1961, quem é ele?
- Doutor João B.M. Goulart, é o novo presidente do Brasil.
- 1 de abril de 1964, quem está descendo a rampa?
- É novamente o doutor P. Ranieri Mazzili.
- Estranho professora, esse homem deve ter alguma coisa errada com ele.
- Não tem nada não Marquinho, veja.
- 15 de abril de 1964, está descendo a rampa o Marechal H.A. Castelo Branco.
- Ah! Entendi o porquê de aquele presidente ficar vai e vem.
- Entendeu o que Marquinho?
- Não adianta falar nada mesmo...
- Já estamos em 15 de março de 1967, está empossando o novo presidente, o Marechal Arthur Costa e Silva.
- Eu gostaria de falar com ele, será possível máquina?
- É claro marquinho.
- O que quer falar com ele Marquinho?
- Ah! Esqueci-me que a senhora estava com raiva de mim, vamos embora máquina, não vou mais falar com o presidente.
- Pois não, obedeceu a máquina.
- Você está muito rebelde, não é assim que um bom aluno deve se comportar.
- Sei o que quer dizer professora, a senhora vai trazer da próxima vez outro aluno.
- Sim, vou trazer mesmo.
- 30 de outubro de 1969, está sendo empossado o Marechal Emílio Garrastazu Médici.
- Quem professora, a senhora irá trazer na próxima vez?
- Lina, eu vou trazer ela na próxima vez.
- Só podia ser ela mesma, a senhora não agarra do meu pé, vai trazer a minha irmã, só pra não ficar longe de mim, eu sei.
- Você está muito atrevido Marquinho...
- 15 de março de 1974, está tomando posse o presidente do Brasil, Marechal Ernesto Geisel.
- Atrevido não professora, a máquina só está que fala e a senhora nem se quer presta atenção.
- Marquinho, você vai ficar de castigo. Pode se ajoelhar no canto da máquina.
- Ficou louca professora, não existe isto mais não, esta coisa de castigo é coisa do passado, agora é jogo duro, respeito para ser respeitado, seja amigo do amigo, não engane ao ser enganado, seja...
- Onde você aprendeu isso?
- Li no livro do escritor João Rodrigues.
- Enquanto a professora Eme tentava chegar em um acordo com o Marquinho, a máquina do tempo continuava:
- 15 de março de 1979, está descendo a rampa do palácio, o Marechal João Batista O. Figueiredo.
- Veja o tempo Marquinho, está mudando.
- Vamos acertar nossas contas professora.
- Cale a boca Marquinho! Eu disse castigo e pronto, você está de castigo.
- Está bem professora, mas saiba que está fazendo uma coisa errada.
- Onde você já ouviu falar que professora não pode colocar aluno de castigo?
- 15 de março de 1986, está tomando posse o doutor José Sarney.
- Quando fui criada por minha mãe.
- Estamos em 15 de março de 1990.
- Nossa! Sua mãe deveria ser muito exigente.
- E é a posse de Fernando Collor de Melo o presidente do Brasil.
- Deveria não Marquinho, ela ainda está viva, eu não sou tão velha assim...
- 29 de dezembro de 1992, e é a posse de Itamar Augusto Cautiero Franco, o presidente do Brasil.
- Não foi a minha intenção de chamar a senhora de velha Professora, é que a senhora nunca me falou da sua mãe.
- Já estamos em 01 de janeiro de 1995 e é a posse de Fernando Henrique Cardoso o presidente do Brasil.
- O nome dela é Liva.
- Parecido com o nome da minha irmã.
- O que foi o que está acontecendo com a máquina Marquinho?
- Não sei, ela está voando.
- Para onde estamos indo máquina maluca?
A máquina sumiu no espaço, e de repente começou a se despencar.
- Professora, desconfio que estamos caindo.
- Isso mesmo, estamos caindo.
- Posso sair do castigo?
- Pode, venha cá e ponha o cinto de segurança.
Em poucos minutos, a máquina pousou lentamente.
- Professora! É um lugar lindo.
A professora saiu da máquina e surpresa disse:
- Escritor João Rodrigues, o que está fazendo aqui?
- Esta máquina é minha invenção, assim como vocês também são meus personagens. Só quis lhes conduzir ao passado, para que Marquinho conhecesse de perto os presidentes.
- E já acabaram João Rodrigues?
- Não Marquinho, mas agora vamos em meu carro assistir a posse de nosso atual presidente.
- E que dia é hoje João Rodrigues?
- 1 de janeiro de 2003.
- Viajamos o século vinte inteiro professora!
- Foi muito bom ter feito esta viagem com você e a máquina do tempo Marquinho.
- Eu também gostei professora.
- Vamos Marquinho, entre.
- Que lugar lindo escritor!
- Este é o palácio do presidente da república e vamos até ele.
E ao chegar perto do presidente, Marquinho disse:
- Senhor presidente, eu gostaria de saber o seu nome?
- Olá Marquinho! Você fez uma boa viagem?
- Fiz senhor presidente, e como sabe que estive viajando?
- O seu criador me contou a história, e eu sou Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente do Brasil.
- A viagem foi boa senhor presidente, foi mais de cem anos de emoção.
- Ótimo Marquinho, fique à vontade.
O presidente continuou recebendo seus convidados, e Marquinho junto com a sua professora e o escritor foram servidos...
- João Rodrigues, foram só estes que vimos no passado, que foram presidentes do Brasil?
- Não Marquinho, na verdade apareceram outros que se omitiu com o passar da década. Alguns morreram antes de descerem a rampa do planalto. Um dos quais eu posso relatar-lhe foi o doutor Tancredo Neves, presidente do Brasil.
- Compreendo escritor, então sinto ué o que eu precisava saber, já sei.
- Isso mesmo, e todos os seus amiguinhos irão saber.
- Como irão saber?
- Eu escrevi o livro “Marquinho e os presidentes”.
- Então vamos brindar ao novo livro.
E quando brindavam ao novo livro, um copo caiu da mão da professora Eme, com o choque Marquinho acabou acordando em sua casa.
- Não professora, não podia...
E depois dormiu novamente, mas deve está em outro sonho do saber...
Fim
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