Lina e A Boneca

 LINA E A BONECA

 

JOÃO RODRIGUES

 

            Certo dia em sua casa, Lina se levantou e disse:

            - Mamãe, minha boneca sumiu...

            Maria não deu muita atenção o que disse a filha...

            - Mãe, a senhora não me ouviu ou não quis me dar atenção?

            - O quê filha?

            - Minha boneca!

            - O que tem a sua boneca?

            - Nada mamãe, pode deixar, a senhora não...

            Lina meio triste por não ter recebido a atenção merecida de mãe, saiu pro quintal da sua casa procurando pela boneca, na esperança de na noite anterior ele  tivesse esquecido ali em algum canto.

            - Bonina, você está por ai?

            Lina ficou assustada quando ouviu uma voz que respondeu:

            - Estou. Estou aqui.

            - Como, perguntei por perguntar, eu sei que boneca não fala, mas já que você falou,  onde está mesmo você?          

            - Estou aqui.

            Lina olhava pro lado de onde vinha a voz, porém nada podia ver.

            - Onde você está?

            - Estou aqui.

            Quando Lina olhou pro lado de uma árvore sombria que ficava lá num canto do quintal, avistou a sua boneca.

            - Eu vou te pegar Bonina, eu vou te pegar.

            De modo que Lina correu para pegar a boneca, porém não conseguia sequer tocar nela. Parecia que ela tinha caído num grande buraco e aflita a menina gritou:

            - Bonina, tenha cuidado! Tenha cuidado.

            Naquela aflição Lina acabou também caindo naquele buraco...

            - Agora estamos juntas Bonina.

            Quando Lina percebeu que estava dentro de um grande buraco começou a ficar desesperada.

            - Mamãe, me tira daqui, me tira daqui...

            E naquele mágico buraco a coisa ficou muito difícil para a linda Lina que agora junto na verdade com a sua boneca, mas se sentia triste por estar separada da sua querida mãe e verdadeiramente do seu amor.

            - Bonina, estamos perdidas, onde você foi me enfiar.?

            Lina passava a mão no cabelo de Bonina e se sentia entristecida.

            - Não vou chorar, não vou chorar.

            A bonina na beleza muda de boneca, parecia poder dizer que tudo estava bem...

            - Mãe, onde está Lina?

            - Não sei Marquinho, parece que ela saiu andando pro quintal em busca de sua boneca.

            - Boneca?

            Marquinho foi ao quintal tentar procurar a irmã...

            - Lina, onde você está Lina, onde está?...

            Marquinho andou por todo o quintal, no entanto não conseguiu sequer ver a irmã.

            - Lina, onde está você hem, Lina?

            Depois de algum tempo...

            - Mamãe, Lina não está no quintal coisa nenhuma, onde ela está mesmo?

            Olhando nos olhos inocentes do filho, Maria pode encontrar um fio de lágrima...

            - Calma meu querido, ela foi procurar a boneca.

            - Não foi não mãe. Ela está onde mesmo?

            Maria começou a preocupar, e também foi pro quintal à procura da filha.

            - Lina. Onde você está Lina?

            Maria assustada por perceber que a filha tinha desaparecido, ela estava mesmo agora sem sua querida filhinha...

            Notava-se em seu semblante que a menina não deixou somente suspense, mas sim, uma grande sensação de dor.

            - Lina, sou eu, sua mãe.

            Marquinho também chorava, pois só aquela linda menina que ele tinha como irmã.

            - Ela morreu mãe.

            - Não filho, deve ter saído para rua.

            E lá embaixo daquela sombria árvore não se via ninguém, Lina no entanto, não podia ver ninguém, e dentro do invisível buraco ela também...

            - Mamãe, me tire deste lugar mamãe, papai,  Marquinho...

            No entanto só restava ali a dor e a tristeza, pois ninguém a ouvia.

            Maria saiu para a rua e tentava com os seus olhos de mãe encontrar a sua filha.

            - Maria, por que está chorando?

            - Minha filha Carmem, ela sumiu.

            - Sumiu como sumiu?

            - Não sei, só sei que ela saiu pro quintal à procura da sua boneca e não voltou.

            - Mas se ela foi pro quintal deve estar no quintal.

            - Não está Carmem, ela se foi, perdi a minha filha.

            - Não fique assim mulher, ela vai aparecer.

            Carmem tentava tranqüilizar a amiga, mas até mesmo ela ficou preocupada dizendo:

            - Vamos procurar a sua filha lá no quintal.

            - Vamos.

            Maria e Carmem foram até o quintal.

            - Olhe ai, ela não está.

            - Meu Deus, pra onde foi a minha filha?

            Maria chorava e juntamente com o filho clamava:

            - Meu Deus, onde está minha filha?

            - Se eu fosse você não ficava assim, ela deve estar por aí - argumentou Carmem saindo, levando consigo a tristeza, pois sabia que ali a coisa estava inexplicável.

            Maria entre lágrimas e loucura, procurava esconder ou tentar encontrar alguma justificativa para explicar o seu marido o que tinha acontecido.

            - Deus, o que devo dizer a ele que minha filha sumiu só isso meu Deus, hem, só isso, o que devo dizer que tipo de mãe sou eu que nem tenho ou tive cuidado de cuidar da minha filha, hem meu Deus?

            Quando Maria se lastimava do seu amargo destino o carro parou na garagem e ela saiu correndo ao encontro do esposo pensando que talvez quem sabe a sua filha estivesse com ele.

            - Cadê ela? Onde está ela?

            Tim olhou para a esposa e falou:

            - O que está falando mulher?

            - Quero saber o que aconteceu a ela?

            Maria ajoelhou nos pés do marido e disse:

            - Ela, ela sumiu...

            - Mas sumiu como? - indagou Tim com ar de muita dor.

            - Aquela hora que você saiu ela sumiu.

            - Mas como ela sumiu?

            - Me disse que queria a sua boneca, e assim sumiu no quintal.

            Tim foi com a esposa até o quintal e por algum tempo ficaram ali perto daquela árvore sombria à espera de encontrar Lina.

            - Ela não pode estar por aqui.

            - Mas ela falou comigo, ainda estou com a voz dela em meu pensamento.

            - Ela deve estar por aí.

            - Aí aonde, meu Deus, onde?

            - Lina foi embora - argumentou Marquinho sentindo tamanha perda.

            - Quem sabe ela apanhou a rua e se foi.

            - Mas ela nunca fez isso.

            - Mas tudo tem a sua vez.

            Tim saiu andando pela rua indagando:

            - Juliano, você não viu jeito da minha filha?

            - Nem sabia que você tinha uma filha Tim.

            - Marcelo, viu jeito da minha filha?

            - Está brincando comigo Tim?

            - Meu Deus, ninguém leva as coisas com certas responsabilidades, ninguém pensa a coisa com exatidão.

            De modo que Tim não podia parar de sofrer, porque a tristeza era muita, pois tinha sido a sua única filha, era só ela e Marquinho que muitas vezes ficavam brincando com ele no dito quintal, quantos foram inesquecíveis dias que brincavam e de repente vê tudo diferente, que dor que aportava do seu coração...

            - Mas como meu Deus, porque ela não cuidou da nossa filha um pouco melhor?

            Tim murmurava já querendo entender que quem poderia assumir toda a culpa seria a sua esposa, que deveria ter tido um cuidado maior com a filha.

            - Não meu Deus,  ela não tem culpa, mas só em parte, só em parte.

            Tim bateu por todos os lados, mas não conseguiu encontrar a filha.

            - E o que...

            - Nada Maria, não encontrei nada, acho que devemos ir a polícia.

            Maria nem respondeu o marido que ao mesmo tempo desesperado foi a polícia.

            - Quer dizer que o senhor vem aqui a uma hora dessa dizer que a sua mulher disse que a sua filha entrou no quintal em busca de uma boneca e simplesmente sumiu?

            - Sim senhor delegado, foi unicamente isso.

            - Engraçado, isto está me cheirando mal.

            - O que o senhor quer dizer com isso?

            O doutor bezerra nem quis responder Tim, e se levanto dizendo:

            - Quero ir lá ao tal quintal.

            - Pois não. Vamos.

            Em poucos minutos na casa de Tim as autoridades tiravam as suas dúvidas no tocante o sumiço da menina Lina.

            - Como foi a última palavra que ela disse?

            - Foi simplesmente Pastor, ela só disse que queria a sua boneca e saiu pro quintal chamando-a pelo nome.

            - Qual o nome da boneca?

            - Bonina - respondeu Maria sentindo uma crise de nervos.

            - Deixe a senhora Maria repousar gente, vamos.

            - Obrigada delegado.

            - Obrigado doutor bezerra -  argumentou Tim sentindo mais aliviado uma vez que tudo estava mesmo de certa forma nas mãos de Deus.

            - Vou orar por sua filha seu Tim, ela vai aparecer, eu tenho certeza que meu Deus irá me atender pela glória do Senhor Jesus Cristo.

            - Amém Pastor.

            - Mas antes de ir, gostaria que se possível nos reuníssemos nesse quintal, quero fazer uma oração

            De modo que todos que ali estavam deram uma mão aos outros e o Pastor falou:

            - Estou aqui em nome do nosso senhor e salvador Jesus Cristo, venho pedir a ti meu grandioso pai, que não deixe que a filha desse casal sofra a dor das trevas meu Deus, sabemos que és Tu dono de todas as coisas e que nunca deixou sequer um dos seus desamparados Senhor...

            Quando o pastor orava, parecia que uma grande luz chegou ali e em forma de visão Maria gritou:

            - Lina, venha minha filha venha...

            Maria saiu andando de olhos fechados e se dirigiu a sombria árvore e em fração de segundos Deus pode mostrar o seu grande poder, pois de dentro do invisível buraco do mal a mãe pode tocar na filha que parecia estar dormindo.

            O pastor observou que Deus tinha atendido o seu pedido, escutando a sua oração e gritou:

            - Obrigado senhor meu Deus, estou agora sem palavras para agradecer a sua graça, mas eu sei Senhor, que a sua palavra diz, vinde a mim os oprimidos que serão aliviados.

            E Deus operou este grande milagre, pois todos ali acreditaram que Deus existe, e que só mesmo ele pode nos livrar das ciladas e armadilhas que o diabo tenta nos colocar.

            Pois como vocês podem observar que Tim já não acreditava em Maria, o Doutor Bezerra já desconfiava da cidade inteira, Maria já se sentia inútil...

            Mas certo é que Lina meio assustada disse:

            - O que este povo está fazendo aqui mamãe?

           

Fim