AS NOTAS MUSICAIS
JOÃO RODRIGUES
- Oi!... Venha. Vamos brincar?
- Como? Como posso brincar! Se estou sonhando?
- Todo mundo sonha e brinca no sonho. Vamos?
- Onde estamos?
- No mundo da música. Eu sou a nota dó.
- E onde está a minha professora?
- Quem é a sua professora?
- Você nunca ouviu falar da professora Eme?
- Ah! Já. Sim, e agora estou vendo que você deve ser Marquinho!...
- Isso mesmo. E porque você deduziu isto?
- Por causa das histórias do rei.
- Ah. As histórias de João Rodrigues?
- Sim. Por isso mesmo.
- Tudo bem dó. E como você vive aqui?
- Vivo feliz Marquinho. Aqui é um lugar muito especial. É um lugar e tanto. Tudo aqui é lindo Marquinho. Não é como no seu mundo. Coberto de pessoas desajeitadas.
- Olhe só dó. Quem vem vindo...
Dó olhou pro rumo que Marquinho apontou e surpreso relatou:
- É ré Marquinho. Ela vem vindo com alguém.
Marquinho com muita alegria falou:
- Aquela que vem vindo com ré, dó, é a minha querida professora Eme. Você não é capaz de imaginar o quanto eu gosto dela dó.
Dó se sentindo com um pouco de inveja - retrucou dizendo:
- Por que tanto amor por ela Marquinho?
- Depois eu te falo dó. Não quero que ela saiba.
E quando a professora Eme se aproximou junto com ré, em dó e Marquinho ela falou com ar de alegria:
- Marquinho!... Você aqui também?
Marquinho sorrindo e abraçado com dó, falou com ar de ironia:
- É coisa do destino professora.
A professora Eme cumprimentou a nota dó, dizendo:
- Oi dó! Já se conheceram?
- Já professora, Marquinho é muito inteligente.
- Marquinho, vamos com a gente!
- Pra onde ré?
- Encontrar com mi. Ou você não deseja conhecê-la?
- É claro que quero ré. Eu só tiro dez!
- Por que Marquinho?
- Porque sou estudioso ré! E ainda hoje que estou conhecendo as notas musicais.
- Não é a mesma coisa Marquinho - relatou a professora Eme.
Marquinho disse sorrindo:
- Estou brincando professora. Sei que estou conhecendo as notas musicais.
- Ainda bem que você está brincando. Vamos gente. Vamos andando e conversando.
Dó saiu abraçada com Marquinho e ré abraçada com a professora Eme, seguiram falando dos mistérios musicais...
- Pra onde vão?
- Ah! Você aí.
- Sim menino. Eu estou aqui e você aí.
- Calma gente! Ele é Marquinho, mi e ela é a professora Eme.
- O que vierem fazer em meu mundo? Sujar, poluir, degradar, não chega o que fizeram no mundo de vocês! Podem voltar, podem ir embora.
- Calma mi. Se não fossem eles, nós não existiríamos.
- Antes não existíssemos. Seria bem melhor assim.
- Mi, eu sou uma professora, minha função é educar.
- E por que a senhora não educa. Não, deixe pra lá, não adianta falar mesmo...
- O que está discutindo mi?
- Nada fá. Está tudo bem. Já conhece Marquinho e a professora Eme?
- Não, não os conhecia. Como vão vocês?
- Vamos bem obrigada fá...
- Professora eu vou embora, não estou gostando desta nota rebelde. Ela está muito rebelde para meu gosto...
- Não Marquinho. Eu sou sua amiga e não sou rebelde.
- Não dó. Esta nota aí é rebelde sim. Eu não estou gostando dela. Ela é rebelde mesmo.
- Marquinho. Eu não sou nenhuma nota rebelde. Só estou falando a verdade. Gostaria de ser sua amiga.
- Obrigado pela sua amizade fá, mas você é valente.
- Aceite o pedido de fá Marquinho. Seja amigo dela - relatou dó.
- Está bem fá. Podemos ser amigos.
- Obrigada Marquinho. Vamos ser amigos, porém não vou deixar de lutar contra a depredação da natureza.
- Está bem, vamos esquecer o que passou.
Marquinho abraçou mi e dó, e saíram estrada afora...
- O seu aluno fez as pazes comigo, professora. Veja que amizade. Ele tem com as notas?
- Marquinho é um aluno muito bom fá. Além de uma inteligência considerável - relatou ré.
Chegando ao pé da serra, as notas pararam e dó relatou:
- Agora vamos escalar a montanha para chegarmos em casa.
- Onde fica a casa de vocês, dó?
- Temos que passarmos por duas claves Marquinho, a clave de sol e a de fá.
- Clave de sol! Que clave é essa?
- Sim Marquinho, até chegarmos a nossa casa, a qual se chama partitura.
- Esse mundo de vocês é muito estranho dó!
- Não ha nada de estranho Marquinho, você vai gostar de subir a serra.
- Espero que sim ré...
Enquanto Marquinho falava com ré, mi gritou:
- Sol! Jogue as cordas, temos visitas.
Minutos depois as cordas desceram pela encosta da serra e dó relatou:
- Pronto Marquinho, é só subir, e logo estaremos na partitura.
- Eu não vou subir nessas cordas dó. Tenho medo! Não vou. Prefiro ir embora...
- Vamos subir Marquinho, Não é preciso ter medo.
- Só se for à senhora professora. Eu não vou!
- Deixe que eu suba com Marquinho professora - argumentou mi.
- Com você eu vou mi.
- Por que você vai com mi, Marquinho?
- Porque ela é valente professora.
- Eu não sou valente coisa nenhuma Marquinho!
- Mi, deixe que eu te ache valente. Não quero brigar com você!
- Mas vocês estão brigando - relatou a professora Eme, descendo da corda.
- Olá professora, que prazer!
- O prazer é meu sol.
- Veio com o seu aluno ver a gente?
- Eu sou Marquinho, sol.
- Já ouvi falar em seu nome Marquinho.
- Você é um menino muito bonito Marquinho!
- Muito obrigado sol. Mas não estou vendo tanta beleza assim...
- Bem gente. Vamos continuar a escalada - relatou fá.
- É só mandar jogar as cordas.
- Ei lá! Jogue as cordas.
- Já joguei...
Gritou lá, que o eco do seu grito resplandeceu montanha afora, fazendo as aves voarem.
- Que barato professora, que lindo! Quantas aves...
- São as araras Marquinho.
- Araras professora, como são lindas professora - argumentou Marquinho encantado com a beleza daquelas lindas araras que viviam ali, felizes naquele lugar de sossego e paz. Assim Marquinho falou:
- Será que a gente não podia pegar uma dessas araras?
- Não Marquinho, ninguém tem este direito de tirar a liberdade dos animas. Chega o que vocês já fizeram lá no mundo de vocês, acabaram com tudo...
- Não mi, no nosso mundo ainda existe algumas coisas.
- Você falou certo Marquinho, ainda existem algumas coisas.
- Mi, você acha que eu estou brincando?
- Brincando Marquinho, eu achar isso, seria impossível.
- Por que estão discutindo ou brigando? - indagou dó.
- Não dó, só estamos falando das coisas dos nossos mundos.
- Ainda bem - argumentou ré.
- Que lindo! Que floresta linda, vendo aqui de cima...
- Gostou mesmo não é Marquinho?
- Gostei, achei simplesmente linda, como é exuberante, como e bela... Você é lá?
- Sim Marquinho, sou mais uma das notas musicais.
- Gostei de você lá, da sua educação e simpatia.
- Obrigada Marquinho, assim você me deixa sem jeito, porém fico muito contente por isso... Vamos Gente. Agora não precisa de cordas professora, podemos subir a rampa da melodia até chegarmos na partitura.
- Que nomes estranhos que vocês usam aqui fá!
- São nomes inerentes à música Marquinho - argumentou a professora Eme abraçando o seu aluno proferido enquanto subiam a rampa da melodia indo para a partitura que é a casa das notas
Musicais.
- Professora, que dia a senhora vai voltar com Marquinho?
- Eles não vierem juntos mi.
- Então veio cada um por si?
- Eu encontrei com dó. Não foi mi?
- Sim Marquinho.
Todos subiram a rampa indo para partitura que era a casa das notas musicais.
- Que linda casa! Que casa maravilhosa...
- Gostou da nossa casa Marquinho?
- Sim lá, é a mais bonita de todas as casas que já conheci. Como ela e linda...
- Si, venha conhecer Marquinho!
- Estou indo ré. Já vou indo.
Assim, si veio ao encontro de Marquinho que logo relatou:
- Marquinho e a professora Eme, não é isso mesmo?
- Sim, si. Isso mesmo. Como é que você sabe os nomes deles?
- Alguém que me falou de Marquinho.
- Alguém, quem? Quem é esse alguém?
- Espere que vou chamar.
Enquanto si foi chamar o tal de alguém, Marquinho, pensativo falou:
- Professora, quem será esse alguém?
- Não tenho a mínima idéia Marquinho. Não sei quem é...
- Não deve ser alguém importante não, não deve ser. Deve ser, sei lá...
E antes mesmo de Marquinho terminar o seu curioso raciocínio, exclamou dizendo:
- Papai, o senhor por aqui!
- Marquinho! Tim é o seu pai?
- Você já conhece o meu pai dó?
- Não só eu como todas as notas musicais Marquinho.
- Eu também Marquinho - Argumentou a professora.
- A senhora eu sei que é sobrinha dele professora. Mas nunca pensei que o meu pai conhecesse as notas musicais. Tim no entanto, meio surpreso falou:
- Não gostou da minha presença Marquinho?
- Gostei papai, estou muito feliz com a sua presença. Posso afirmar que sou o aluno mais feliz do mundo!
- Marquinho, vamos aproveitar a presença do seu pai e reunirmos todas as notas musicais.
- Ele já conhece as notas musicais professora - relatou Marquinho sem nenhum entusiasmo.
- Não tem importância Marquinho, posso participar do trabalho da sua professora.
- Está bem então professora... Pode continuar.
- Certo Marquinho, eu vou chamar as notas musicais e elas vão se colocando cada uma em seu lugar conforme a sua ordem na música.
- Está certo professora.
De maneira que a professora Eme chamou as notas musicais conforme o que tinha dito.
- Venha dó, ré, mi, fá, sol, lá, si.
- Vejam! - exclamou dó...
Quando dó falou todos olharam assustados e surpresos... E Marquinho gritou com alegria.
- Uma asa delta! Quem será que esta nela?
De modo que a linda asa delta sobrevoou a floresta musical, e logo em seguida se dirigiu ruma à partitura...
- Vem vindo pra cá - relatou si.
No entanto um vento forte levou a asa delta para bem alto... E triste ré falou:
- Será que vai embora gente?
- Não ré, vai voltar.
E minutos depois, Marquinho, a professora Eme, Tim, e as sete notas musicais, pareciam perderem a esperança, pois, a asa delta sumiu na imensidão do azul celestial que se perdia infinitamente lá na terra da música. Ali aonde residiam todas as notas musicais.
- Quem seria! Exclamou fá, insistindo em continuar olhando para os céus.
- Não fique assim fá, se foi o veto que o levou o vento o trará de volta - relatou mi apontando a mão e dizendo:
- Não disse! Olhe, vem vindo de volta, não disse...
Para completar a alegria de mi e de todos ali, a asa delta pousou na praça da partitura e Marquinho saiu correndo dizendo:
- Vamos ver quem é gente, vamos...
As notas musicais acompanharam Marquinho a fim de tirarem à grande dúvida de quem seria a misteriosa pessoa que acabava de chegar...
- Olá pessoal. Que lindo este lugar.
- João Rodrigues! Você por aqui?
- Marquinho, meu querido. Sou eu sim. E feliz por te ver com saúde.
De modo que o escritor João Rodrigues, abraçou Marquinho, e Tim falou:
- Gosta assim de Marquinho escritor?
- Sim Tim, Marquinho tem me inspirado muitas histórias.
- Posso dar uma volta na sua asa delta João Rodrigues?
- Claro Marquinho, só deve tomar cuidado...
- Eu também quero ir - relatou dó.
- Eu também - exclamou mi.
- Só podem ir duas pessoas - argumentou João Rodrigues.
- Eu levo dó comigo...
- Podem ir - relatou João Rodrigues.
Marquinho e dó se foram, voando na asa delta sem saber que estavam sonhando, pois em sua casa a sua mãe o chamava.
- Marquinho, levanta filho, já é hora de ir para a escola.
Marquinho meio assustado...
- Não dó, não...
- Estava sonhando filho?
- Não é nada Mamãe, não é nada não.
Marquinho se levantou e foi escovar os dentes e lavar o rosto para tomar café...
- Que dia é hoje mamãe?
- Quinta, Marquinho.
Marquinho abriu a sua mochila e disse:
- Hoje é dia de aula de música. Vou ter um encontro com as notas musicais.
- Encontro com as notas musicais filho, não estou entendendo!
- Eu sonhei com elas mamãe. Foi só um sonho...
Marquinho estava sonhando com as notas musicais lá nas brenhas do sertão, bem longe, muito longe, do que chamamos de cidade grande. Será que onde existe a tal de cidade grande, as crianças sonham? São verdadeiramente felizes como Marquinho e a sua família?
FIM
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