sexta-feira, 28 de abril de 2023

A Viagem João Rodrigues

 A VIAGEM

 

JOÃO RODRIGUES

 

            - Vamos, Lina, hoje é um dia muito especial.          

            - Não sei por que especial?

            - Viajar Marquinho, tinha me esquecido - argumentou Lina pulando da cama e correndo para o quarto do pai, dizendo:

            - Mamãe, papai, vocês esqueceram-se da viagem?

            Enquanto Lina acordava os pais, Marquinho se preocupava em orar...

            - Marquinho, papai está se levantando, você está... Ah, desculpe, não sabia que estava falando com Deus, desculpe.

            - Nada Lina. Vamos orar juntos.

            De modo que os dois irmãos buscavam a proteção de Deus diante da expectativa da viagem.

            - Que capítulo você está? - indagou Lina apanhando a bíblia.

            - Salmo 59 versículo 1, 2 e 3 - respondeu Marquinho, dizendo:

            - Encontrou?  

- Amém - respondeu Lina pondo-se de joelhos no chão.

            Minutos depois Maria entrou no quarto dos filhos e pôde ver que eles se preocuparam com a oração enquanto que o seu esposo nem sequer dissera o nome de Deus.

            - Vamos orar com a gente mamãe? - convidou Lina dando a bíblia para mãe, dizendo:

            - Salmo 59.

            - Versículo 1,2 e 3 - interrompeu Marquinho.

            Maria se ajoelhou e juntou com os filhos orava.

            - Faça uma oração mamãe.

            Atendendo a solicitação de Marquinho, Maria relatou:

            - Deus, poderoso pai, criador dos céus e da terra, venho...

            Enquanto Maria orava, o som do motor do carro quebrou o silêncio na casa, deixando que de certa forma Deus permitisse que aquelas fiéis crianças demonstrassem em seus olhares a vontade de entrarem no carro e indo de certa forma encontrar com o descanso que já era esperado com o longo período das aulas.

            - Já arrumaram as coisas?

            - Sim papai - respondeu Lina apanhando a sua boneca.

            - Você vai levar esta coisa Lina! - exclamou Marquinho querendo menosprezar a irmã por levar a boneca.

- O que tem a ver Marquinho, eu sou uma menina, tenho o direito de levar a minha boneca para onde quer que eu vá.

            - Não precisa ficar assim maninha, afinal de contas eu não sou menina, por isso talvez seja que tenho que ignorar, desculpe.

            - E você, não vai levar os seus carrinhos?

            - Não, eu vou pescar com o meu pai.

            - Está bem, enquanto você vai pescar com o papai eu fico fazendo companhia à mamãe no acampamento.

            As crianças se preocupavam agora como seria lá, mas já depois da oração e da viagem como se imaginassem que já estivessem no acampamento.

            - Primeiro vamos tomar café.

            - Sim mamãe - argumentou Marquinho gritando:

            - Lourdes!

            Lourdes olhou com os olhos meio sonolentos e respondeu:

            - O que é menino?

            - Ainda não aprendeu o meu nome, Lourdes?

            - Ela tem que conhecer o que está escrito em provérbios 19:15.

            - Que benção está você minha filha - argumentou Maria se sentindo orgulhosa pela filha.

            - É mamãe, é como se fosse viver eternamente em salmo 92:1.

            - E tudo se confirma no versículo 13.

            - Isso Marquinho, Salmo 92:13.

            Tim observava os filhos, a esposa conversando e orando, ele se sentia feliz, porém não dava nenhuma opinião, contudo relatou:

            - Vamos gente, se não o sol vai esquentar muito.

            Quando Tim argumentou, Marquinho levantou da mesa e disse:

            - Mamãe, Lourdes vai também com a gente?

            - Não poderíamos deixar a nossa amiga ai, não é filho!

            - Ande, vamos Lourdes, movimenta mulher...

            - Não faça isso meu filho, respeite as pessoas.

            Já no acampamento...

            - É. As corvinas filho.

            - Corvinas, porque o nome de corvinas?      

- Todos os peixes filho, assim como qualquer outro animal têm o seu nome.

            - Como nós temos o nosso. Não é?

            - Isso.

            Tim parecia ter muita vontade de poder ficar ali naquele lugar sossegado, não por ir pescar, mas sim para quem sabe descansar dos anos de trabalho agitado na vida da cidade.

            Marquinho também parecia estar com muita vontade de se entregar aos caprichos da natureza, pois se via o modo irreparável de olhar para a mansa água que descia lentamente rio abaixo.

            - Gostaria de ser um peixe papai.

            - Pra quê filho? E ser pescado por alguém.

            - Não vou dizer isso, mas de certa forma o senhor não acha que somos também pescados a cada dia pelos compromissos, pelos afazeres, pelos caprichos de uma sociedade, ah, sei lá papai...

            Tim guardou consigo uma lição que o filho sem querer quis lhe dera, e procurou se contentar com o silêncio da voz humana, enquanto se ouvia o cantar dos pássaros.

            Minutos depois Marquinho gritou:

            - Papai, papai, peguei!

            Com o olhar alegre Tim via o seu filho retirando de dentro da água um grande peixe e dizendo:

            - Como ele é enorme papai!

            Tim não ficou muito feliz de ver o peixe sair da água, se sentiu no dever de pedir o filho para soltá-lo.

            - Venha papai, divide comigo a alegria de podermos pescar, faz de conta que fomos nós dois que o pescamos.

            Tim não deixou transparecer o sentimento que foi invadindo com a humildade do filho, pois, no entanto sabia ele que era o seu filho e de certa forma quem sabe ele estaria demonstrando algo do seu passado.

            - Veja mamãe, Marquinho com um peixe.

            Maria e Lina tinham ido até o rio, e juntas puderam dividir a alegria por terem pescado, ou melhor, por...

            Todos sorriam e quem sabe continuam sorrindo em muitas outras viagens...

 

Fim.

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